A Mônica Filgueiras Galeria de Arte mostra a partir deste sábado um conjunto especial de trabalhos: 26 desenhos assinados por Eliseu Visconti (1866-1944). Pertencentes ao neto do artista e herdeiro de seu nome, Eliseu Visconti Cavallero, essas obras sao uma espécie de registro do processo de trabalho, do aperfeiçoamento técnico e de observaçao desenvolvidos em ateliê daquele que é considerado o precursor do modernismo no Brasil.

A própria Mônica Filgueiras, que conhece a família de Visconti desde a década de 60 - quando realizava leiloes no Rio -, surpreendeu-se com o que viu. Há anos Cavallero vinha lhe dizendo que tinha um lote de nus masculinos do avô, mas quando finalmente decidiu realizar essa exposiçao ela descobriu que havia também nus femininos, dois retratos e uma expressiva sangüínea de maos segurando a garganta.

Apesar de as obras nao estarem datadas, o mais provável é que tenham sido realizadas entre 1896 e 1901, período em que Visconti freqüentava a Escola de Belas Artes de Paris. "Seus trabalhos da Academie Julien (onde ele estudou depois) sao mais sombrios, mais densos", diz Mônica, grande admiradora do pintor mostrando como exemplo um dos estudos da exposiçao, que possui uma intensidade maior do que os esboços desenhados com grande liberdade, e muitas vezes inacabados, sobre papel jornal.

Esses de movimento e da estrutura do corpo humano nao têm a grandiosidade nem o atrativo das telas do pintor. Nem é essa a intençao da exposiçao. O interesse é mostrar como Visconti trabalhava o modelo vivo, "base e estrutura de qualquer artista de sua época", explica.

Mostra - Além dos desenhos, também está na exposiçao o projeto de um selo sobre o centenário da Independência, vencedor de um concurso dos Correios. Na obra, intitulada "Obreiros de um Século", aparecem retratados próceres como d. Pedro I, d. Pedro II, Benjamin Constant e marechal Floriano. As obras estao à venda, por valores entre US$ 4 e 5 mil.