Os líderes desses partidos dizem, no entanto, que esse cenário pode mudar dependendo do julgamento marcado para hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode levar à cassação de Temer, e do posicionamento do PSDB, principal fiador de Temer no Congresso, que ameaça deixar o governo. A avaliação é de que um eventual rompimento dos tucanos provocará um efeito cascata de desembarque de outras siglas, deixando a situação de Temer na Congresso ingovernável.
Outro fator de instabilidade é Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), então deputado suplente flagrado pela Polícia Federal carregando uma mala com R$ 500 mil de propina, segundo delação da JBS. Loures, que era assessor especial de Temer, foi preso no último sábado. Grávida, sua esposa o pressiona para fazer delação.
No DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), os cálculos são de que apenas dois dos 29 deputados são favoráveis ao rompimento: Onyx Lorenzoni (RS) e Luiz Henrique Mandetta (MS).
"O DEM está estabilizado. No primeiro momento, houve uma insegurança, mas prevaleceu a tese de alinhamento com o presidente Rodrigo Maia, que tem sido o pilar de sustentação do governo", afirmou o líder da legenda na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). Como Maia é o primeiro na linha sucessória da presidência da República, o partido quer evitar qualquer movimento em relação ao governo Temer, para não passar a imagem de que está agindo em causa própria.
No Senado, a oposição ao governo é do próprio líder do partido, Ronaldo Caiado (GO). Além de defender o desembarque do governo, com a entrega do Ministério da Educação, hoje com o partido, ele defende convocação de eleições diretas.
No PR, quinto maior partido da Câmara, apenas sete dos 39 deputados defendem o desembarque, segundo o líder da sigla, José Rocha (BA). Deputado licenciado, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, atua nos bastidores para evitar que o movimento cresça. Integrantes do PR dizem que ele quer continuar no governo para usar a capilaridade política da pasta a seu favor, com vistas às eleições de 2018, quando quer disputar uma vaga no Senado.
Dono da terceira maior bancada da Câmara, com 47 deputados, o PP tem apenas um deputado que defende publicamente o rompimento com Temer.
Articulação
O movimento pró-desembarque é tido como controlado no PSD e PRB. Ainda assim, seus presidentes licenciados os ministros Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do PSD, e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), do PRB, atuam para minimizar qualquer movimento nesse sentido. Como não possuem mandatos parlamentares, os dois só mantêm o foro privilegiado enquanto estiverem nos chefiando as pastas. Ambos foram citados nas delações da Odebrecht e da JBS, mas negam irregularidades.
Com 36 deputados, o PSB já rompeu oficialmente com Temer, embora ainda esteja à frente do Ministério de Minas e Energia. O grupo conta com o respaldo da direção partidária, que saiu em defesa de eleições diretas. "A maioria é a favor do desembarque. Acho que uns 20, 22 deputados", calcula Júlio Delgado (MG).
O PPS diz hoje atuar de forma independente na Câmara, apesar de manter o comando do Ministério da Defesa, com Raul Jungmann. Antes da delação da JBS, a legenda ocupava dois ministérios. Roberto Freire (SP) entregou a Cultura e retomou o mandato de deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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