Economia Titulo Alta dose
Morador gasta R$ 436
com medicamentos

População da região irá desembolsar R$ 1,1 bi para comprar
remédios; se comparada com 2011, despesa aumentará 5,8%

Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
27/03/2012 | 07:25
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São necessários quatro remédios para que a aposentada Jacira Tripodi Correa, 66 anos, tenha os problemas causados pela osteoporose, colesterol, hipertensão e tireoide amenizados. O gasto mensal é de pelo menos R$ 200. E, recentemente, outro remédio entrou na lista para aliviar a dor no estômago, causada pelas outras drogas. Ela integra o grupo de moradores da região que, juntos, desembolsarão R$ 1,1 bilhão com medicamentos neste ano. Considerando a população de 2,55 milhões de pessoas na região, cada morador vai gastar R$ 436, em média.

A quantia é estimada a partir do cruzamento de dados do Ibope Inteligência, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e USCS (Universidade Municipal de São Caetano). Na comparação com o ano passado, a despesa de parte dos 2,55 milhões de pessoas aumentará 5,8%.

A andreense, que ainda paga R$ 500 de plano de saúde, tenta equilibrar os gastos com orçamento de R$ 3.000. “O remédio para osteoporose é o mais caro. Pago cerca de R$ 100 pela caixa. E o do colesterol custa R$ 50, mas antes da quebra da patente gastava quase R$ 200”, calcula.

De acordo com o presidente-executivo da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), Sérgio Mena Barreto, a principal explicação para esse aumento no consumo é o crescimento da renda da população. “Nada mudou muito em termos de acesso a medicamentos ou abrangência do programa Farmácia Popular. Infelizmente, o governo ainda participa pouco do tratamento do paciente.”

AJUDA - A aposentada mauaense Elvira da Silva, 68 anos, desembolsa cerca de R$ 150 mensais para comprar os remédios, que combatem colesterol e hipertensão, pois eles não estão disponíveis na rede pública de Saúde.

Diabética, ela utiliza quatro vidros de insulina por mês, mais uma caixa de tiras para ver o nível da diabetes, que somam R$ 450 mensais. Mas esses ela consegue gratuitamente no posto. “Para isso precisei contratar um advogado para entrar com ação contra a Secretaria da Saúde”, explica Elvira. O marido da aposentada Antônio Fernandes também tem gasto mensal de R$ 250 com drogas para o coração. Seus remédios não são disponibilizados nos postos de saúde.

CRESCIMENTO - O reflexo desse aumento no consumo é traduzido em números nas 21 drogarias da supermercadista Coop na região. A gerenciadora de negócios Rosangela Prado projeta crescimento de 10% no faturamento para este ano. O resultado de 2011 ainda não foi contabilizado. “Medicamentos de uso contínuo como hipertensão, colesterol e diabetes são os que têm maior peso. Entre os dermocosméticos, os mais vendidos são protetor solar, hidratante corporal e sabonetes.”

ESTADO - Pesquisa Pyxis Consumo do Ibope aponta que a compra de medicamentos no Estado de São Paulo movimentará R$ 18 bilhões neste ano. Os paulistas vão gastar R$ 1 bilhão a mais do que no ano passado.

 

Produtos vão sofrer reajuste no fim do mês

A partir do dia 31, os preços de 12.499 produtos vão encarecer até 5,85%. O reajuste foi autorizado pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), órgão do governo que envolve vários ministérios. O percentual considera a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 5,89% acumulada entre março de 2011 e fevereiro.

Alguns dos remédios que vão ficar mais caros são omeprazol, para gastrite e úlcera, e amoxicilina, antibiótico para infecções urinárias e respiratórias. Eles deverão ter o maior aumento.

Os antipsicóticos e anestésicos, com menor participação de genéricos e similares, terão os preços corrigidos em 2,8%. Entretanto, o remédio ritalina, usado para combater o deficit de atenção, terá o preço reduzido em 0,25%.

No ano passado, os preços dos medicamentos foram reajustados em até 6%. E os produtos dermocosméticos tiveram alta média de 15%.

Segundo o presidente-executivo da Abrafarma, com mais dinheiro no bolso, o consumidor buscará produto mais específico, que muitas vezes não consegue encontrar no supermercado, como um creme que controle a oleosidade da pele e hidrate ao mesmo tempo.

 

Preço do remédio embute 36% de imposto

Para o presidente-executivo da Abrafarma, a alta carga tributária que os medicamentos carregam é um dos principais fatores que limitam o acesso da população aos produtos. “Fatia de 36% do preço é tributo. Essa é a maior taxa cobrada no mundo.”

Apenas com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a indústria farmacêutica arca com alíquota de 18%, no caso do Estado de São Paulo.

FATURAMENTO - O setor de farmácias e drogarias movimentou no ano passado R$ 20,4 bilhões, alta de 20,4% em relação a 2010. Para este ano, a expectativa é crescer 21%. Medicamentos representam maior fatia desse montante, R$ 14,3 bilhões, enquanto os não-medicamentos (perfumes, cremes, sabonetes) somaram R$ 6,1 bilhão.

 




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