Moradores dos bairros de São Bernardo que receberam a força-tarefa da Operação Noite Tranquila, realizada pela Prefeitura pelo terceiro fim de semana consecutivo, avaliam a operação como positiva. A ação visa coibir problemas como som alto e aglomeração de pessoas na via pública e atua por meio de denúncias integrando GCM (Guarda Civil Municipal) e agentes da Secretaria de Serviços Urbanos, Obras, Transporte e Vigilância Sanitária.

Na Vila São Pedro, dois estabelecimentos na Avenida Dom Pedro de Alcântara foram lacrados na primeira semana da ação. Conforme moradores, o problema da aglomeração e dos pancadões ocorre há anos e, desde a ação, já são sentidas mudanças. “Trabalho aqui há 14 anos. E há pelo menos cinco que, quando preciso vir aqui de fim de semana, é terrível. Não dá nem para o carro passar. A ação foi muito boa, não tem nem o que dizer. Precisava para acabar com essa bagunça”, afirmou um comerciante de 60 anos, que preferiu não se identificar.

Os relatos afirmam que mais de 200 pessoas chegam a se concentrar na esquina da via, uma das principais do bairro, com a Rua Ávila durante os fins de semana. O cenário é composto por motociclistas, carros com som alto e muita bebida alcoólica. “É muita baderna e bagunça, e um desrespeito grande com a população daqui. Desde que a ação da Prefeitura veio até nossa região, não tivemos mais o problema do barulho, porque a música alta em carros ficava durante toda a madrugada. Esperamos que isso continue”, afirmou moradora de 37 anos.

Uma idosa de 87 anos, que também não quis se identificar, disse que precisou colocar placas de isopor na porta de casa para conseguir dormir. “Fecha a rua e a gente não consegue nem sair de casa. Espero que isso de fato continue.”

A Padaria e Lanchonete Amarelinho foi lacrada e voltou a funcionar na sexta-feira, após conseguir regularizar documentação na Vigilância Sanitária. Conforme o proprietário do local, Getúlio Batista, foram feitas adequações durante a semana em que o local permaneceu fechado. “Dentro do nosso espaço temos somente o som da televisão. A ação da Prefeitura é válida, mas acredito que deve ser feita sem arbitrariedade. O problema é a aglomeração do lado de fora”, opinou.

A Lanchonete Colonial, reaberta ontem, também precisou se regularizar na Vigilância Sanitária. Além disso, o estabelecimento mantinha tenda na calçada. “A gente retirou porque disseram que ocupava a via, o que era errado. Mas não tem como a gente impedir o que acontece na rua, somente conseguimos controlar da porta para dentro”, afirmou um dos proprietários Rogério Lopes.

A Rua Olegário Herculano, travessa da Avenida Kennedy, já foi motivo de reportagem do Diário, publicada em julho do ano passado. A aglomeração no local, conhecido por ficar intransitável durante as noites de sexta-feira e fins de semana, foi alvo da ação.

A casa da farmacêutica Marli Paulino, 47, teve vidraça trincada por causa do barulho. Para conseguir acordar às 5h, horário em que vai trabalhar e ainda há concentração de pessoas na rua, ela precisa dormir com protetor auricular. “Não temos mais sossego. Aqui é uma região de bares, mas parece um pancadão de uns tempos para cá. Vejo a ação da Prefeitura com muitos bons olhos. Está mais do que na hora desse posicionamento, o que pode ajudar no problema”, reforça.

No Baeta Neves, estabelecimentos foram advertidos por causa do som alto no último fim de semana. Entre eles, a padaria A Favorita, localizada na Rua dos Vianas. “No fim de semana colocamos música porque o pessoal aqui da região não tem divertimento. Era por volta da meia-noite quando fomos advertidos e pediram para desligar. Teremos de manter assim”, lamentou o proprietário Sivaldo Oliveira de Queiroz.

Moradora da região, que preferiu não se identificar, disse que o problema é antigo. “É um som alto na madrugada inteira, de vários lugares. Um grande desrespeito”, afirmou.

Operação passou por 30 bairros na cidade

A Operação Noite Tranquila passou por cerca de 30 bairros de São Bernardo e realizou a lacração de 20 estabelecimentos no período dos três fins de semana. Segundo o prefeito Orlando Morando (PSDB), a ação vai ter continuidade no monitoramento dos locais, de acordo com as denúncias da população.

“Se o cidadão não está no estabelecimento, a Prefeitura não tem o poder de retirá-lo da calçada. O problema nos locais são questões como consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade, uso de drogas e o som alto nos carros com a pertubação do sossego, muitas vezes de um bairro todo. Por isso a gente vai cumprir e continuar a ação”, disse Orlando Morando.

No último fim de semana, a Prefeitura intensificou a ação para o combate à criminalidade com a integração com a Operação Força Total realizada pela PM (Polícia Militar). Foram feitas intervenções em bairros como Centro, Vila São Pedro, Jardim Farina, Montanhão, Taboão, entre outros, onde um estabelecimento foi fechado; 255 pessoas suspeitas, abordadas; seis veículos e uma moto, apreendidos por infração de trânsito; e outros quatro automóveis, por som alto acima do permitido.

As denúncias podem ser realizadas pela população pelo número de telefone 153.