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CPI quer investigar serviços da Cerj
Do Diário do Grande ABC
26/02/2000 | 16:02
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O Rio de Janeiro nao está satisfeito com o serviço da Cerj e decidiu cerrar fileiras contra a companhia. O governo do estado pretende antecipar a revisao do contrato de concessao, prevista para 2004, e o deputado estadual Edmilson Valentim (PCdoB) apresentou um projeto de resoluçao que cria uma Comissao Parlamentar de Inquérito para investigar as causas da precária qualidade dos serviços prestados.

Para o governo do Rio, nao é possível esperar até 2004 para obrigar a Cerj a universalizar o serviço e atender as populaçoes de baixa renda. O secretário de Energia acusa a empresa de boicotar o programa "Luz no Campo", exigindo investimentos absurdos do estado. "O nível de insatisfaçao com a Cerj vai do ministro ao pipoqueiro", dispara Victer.

Menina dos olhos do ministro das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, o programa "Luz no Campo" conta com uma linha de crédito de R$ 1,77 bilhao, com recursos da Reserva Global de Reversao, paga por todas as concessionárias de energia. A contrapartida das empresas e dos governos estaduais deverá ser de R$ 1 bilhao.

Além de levar a eletricidade até a porta das propriedades rurais, as concessionárias deverao financiar a instalaçao da energia nos domicílios beneficiados com o programa.

A Cerj responde que em duas semanas deverá fechar o acordo do "Luz no Campo", que ainda depende de "pequenos" acertos. "Fizemos acordo no Ceará e na Bahia, que ofereceram 70% a fundo perdido. Nao temos porque nao chegar a um bom termo no Rio", garante o gerente de distribuiçao da Cerj, Javier Arias.

De 29 de novembro a 10 de dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) visitou diversos municípios do interior fluminense para fiscalizar o serviço da Cerj. A Aneel constatou problemas e colecionou queixas, que serao cobradas da companhia.

Em Silva Jardim, nao existe agência comercial e o atendimento é feito através da agência de Rio Bonito. Em casos de emergência, as ligaçoes precisam ser feitas para o telefone comercial de Itaboraí. Iguaba Grande também se queixa do fechamento da agência comercial, enquanto Búzios nao teve atendido o pedido da instalaçao de cabos subterrâneos na rua das Pedras. A Cerj alega que só executará o serviço com participaçao financeira da prefeitura.

Campos se queixou de queda de tensao e número elevado de interrupçoes de energia na regiao de praias. Os representantes do município disseram ainda que a Cerj nao alerta sobre os desligamentos de alimentadores e cortes de energia e que existe cobrança de contas com valores abusivos.

A situaçao mais grave foi constatada em Sao Francisco de Itabapoana, divisa com Espírito Santo, que se encontra em estado de calamidade pública pelas constantes interrupçoes no fornecimento de energia na orla marítima. O estopim da revolta do município ocorreu em setembro do ano passado, na praia de Barra de Itabapoana, que ficou sem luz durante 12 horas. O episódio aconteceu em plena Semana da Pátria, quando a cidade estava repleta de turistas.

Segundo o relatório da Aneel, o desligamento causou revolta na populaçao, que só nao depredou o escritório da Cerj pela interferência da polícia. Corre no Ministério Público do município uma açao civil pública contra a Cerj pelos problemas de falta de energia. Sao Francisco de Itabapoana também é atendido pela Cersan (Cooperativa de Eletrificaçao Rural), da qual o município nao tem queixas.




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