A repercussão do seqüestro e assassinato do prefeito Celso Daniel – dentro e fora do país – motivou um encontro entre dois adversários políticos históricos: o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o presidente de honra do PT e pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro para discutir segurança pública ocorreu no dia 22 de janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília.

Foi a segunda vez que os dois se reuniram desde o ano em que FHC assumiu a Presidência da República. O petista esteve acompanhado do presidente nacional do partido, o deputado federal José Dirceu, de São Paulo.

No encontro, Lula ressaltou a importância de uma ação coordenada entre o governo federal, Estados e municípios para conter a violência urbana, além de dizer que era preciso que houvesse uma ação rápida para elucidar o assassinato de Celso, para que fossem imediatamente presos todos os envolvidos no crime.

O pré-candidato ressaltou ainda que o crime organizado tem ramificações na polícia, na política, no Judiciário e na economia, sendo esta a necessidade em uma ação integrada entre as três esferas administrativas.

O presidente, em seu pronunciamento feito ao término da reunião, afirmou que o combate ao crime organizado deveria ser tratado como uma ação de guerra. Portanto, todos teriam de estar mobilizados, assim como ocorreria se o país estivesse em guerra.

Na ocasião, Fernando Henrique afirmou que as propostas apresentadas por Lula – que posteriormente serão apresentadas ao país pelo Partido dos Trabalhadores antes das eleições – coincidem com as do governo federal. No entanto, o pré-candidato afirmou que gostaria que as propostas do partido fossem aceitas o quanto antes: “Espero que não seja necessária a posse de um presidente em 2003 para que sejam tomadas medidas na área de segurança”.

Ainda durante o encontro, Fernando Henrique se disse preocupado com a morte de Celso e que acreditava que a conclusão do inquérito ocorreria o mais rápido possível.

O deputado José Dirceu, que também participou do encontro, disse que ambos deixaram claro para o presidente que tinham alertado meses antes do assassinato do prefeito as ameaças sofridas pelos líderes petistas. — ACM