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Fim da saga Lost
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
01/02/2010 | 07:00
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Após cinco anos de muitos mistérios e acontecimentos sinistros em uma estranha ilha no Oceano Pacífico, milhões de espectadores em todo o mundo finalmente terão suas respostas definitivas. Estreia amanhã, nos Estados Unidos, a última temporada de Lost. Exatamente uma semana depois, a atração chega à TV fechada do Brasil.

A data 2 de fevereiro ganhou tanta importância para os norte-americanos que o presidente Barack Obama, pressionado por uma legião de fãs, adiantou para a última quarta-feira um de seus discursos. Só para não atrapalhar o primeiro episódio.

Criada em 2004 pelo trio J.J. Abrams, Damon Lindelof e Jeffrey Lieber, a série apresenta a aventura de sobreviventes de voo entre Sidney, na Austrália, e Los Angeles, nos Estados Unidos. Eles caem em uma paradisíaca ilha tropical e se veem em meio a estranhos acontecimentos que envolvem uma sociedade secreta, a suspeita Iniciativa Dharma. Viagens no tempo e diversas idas e vindas dos personagens para o local confundem ainda mais o espectador.

Uma história inexplicável, com personagens enigmáticos e inúmeros fatos que exigem um certo esforço mental de quem está do outro lado da tela fizeram de Lost um grande fenômeno. O destaque não está nos atores ou no chamativo cenário (uma bela seleção de diferentes pontos do Havaí). O que chama a atenção é tentar descobrir ou compreender o que está acontecendo.

"A graça do seriado é não sabermos o que realmente significa tudo isso", diz Viviane Magri, de São Caetano. "Quem fala mal tem preguiça de pensar e acompanhar. Se você entender e amarrar as informações, vai se divertir".

Com esse formato, o seriado desencadeou uma febre na internet. Na busca por explicações, o público adotou o computador como ponto de encontro. Informações e discussões são usadas como peças de quebra-cabeça.

Ansiedade - O escarcéu é tanto que, antes mesmo de estrear por aqui, muitos fãs já acompanhavam os passos do grupo de Jack, Locke, Claire, Sayid, Hurley e Sawyer. A longa espera para assistir aos episódios chegava a um semestre. Com o passar dos anos essa lacuna diminuiu, e agora é de apenas uma semana. A sexta e derradeira temporada chega ao Brasil já no dia 9, às 21h, no canal AXN.

O tempo pode ser curto, mas é o bastante para que comunidades em sites de relacionamento, blogs especializados e fóruns dedicados a Lost estejam borbulhando de visitantes e material a ser analisado. A conversa entre fãs resulta em longa lista de inteligentes e criativas teorias da linha de pensamento que os roteiristas poderiam ter planejado para finalizar a trama.

"Lost levou todos, até quem não se interessa por séries, a um frisson por busca de explicações que realmente marcaram época. Hoje, podemos falar de uma ‘Geração Lost'. Realmente o seriado conseguiu pular da televisão e atingir o público de diversos meios", comenta o designer Milton Toller Correia, de São Bernardo.

A confusão em torno dos acontecimentos na ilha é tão bem-sucedida que os criadores desenvolveram o jogo The Lost Experience. O game foi especialmente criado para dar dicas e manter a curiosidade de todos em um momento no qual o programa estava sendo duramente criticado por deixar as coisas ainda mais confusas.

A questão que persiste é: o que é Lost? A tal busca pela verdade está para terminar. O ator Matthew Fox, que interpreta o médico Jack Shephard, diz ser o único do elenco a saber o final da série, que vai ao ar em maio. Não se sabe se isso realmente é verdade - também especula-se que nem mesmo os redatores definiram o último episódio.

Os primeiros quatro minutos do espisódio inicial da 6ª temporada vazaram na rede de computadores e foi o bastante para mexer com a imaginação dos que acompanham o programa. Aqueles que estão perdidos contam os dias para reencontrar a lógica.

Um marco na TV e internet
Mesmo antes de saciar a sede de respostas dos fãs, Lost já pode ser considerado um marco na era da TV e da internet. Soube aproveitar muito bem a rede de computadores como meio de difundir a série e fidelizar o público.

"Fã que é fã não vê só na televisão. Com a internet, tudo é real time (tempo real) e a troca de informação é imediata", diz o consultor de informática Glauber Gallo, de São Caetano. Ele acompanha o programa desde a primeira temporada por meio da rede.

As diversas referências utilizadas pelos criadores faz a ferramenta ser indispensável. Segundo a diretora de arte Vivian Magri, também de São Caetano, ir da TV para o computador virou um ritual: "Assisto o episódio e vou procurar informações e detalhes na internet. O formato e o enredo complexo nos obriga a pesquisar".

Ela faz questão de ressaltar que as discussões com outros ‘maníacos' a faz chegar a certas conclusões que não chegaria sozinha.

No meio virtual, destaque para endereços que rapidamente disponibilizam os capítulos para espectadores de todo o mundo. Poucas horas depois de ir ao ar no Exterior, os brasileiros já podem baixá-los com boa qualidade de vídeo e legendas em português.

Em tempos de velocidade e quantidade de informação é melhor que várias cabeças pensem juntas. "A discussão é em nível mundial. É importantíssima essa movimentação de ideias", diz Gallo.

Entre a transmissão norte-americana e a nacional há espaço para surgirem milhões de novidades. Mas nem todos acham isso positivo. O designer Milton Toller Correia, de São Bernardo, diz que é praticamente impossível se livrar da influência externa. "Meu conselho é que as pessoas tentem ficar isoladas da tecnologia enquanto a temporada vai saindo", comenta.

A elaboração de milaborantes teorias para explicar os acontecimentos estão sendo deixadas de lado. Agora é a vez da ansiedade de que diversas arestas sejam aparadas. Para Gallo, ficaram muitas coisas a ser respondidas. "Mas é possível responder tudo. Espero que eles consigam encerrar sem deixar nenhuma questão em aberto", afirma.

Curiosidades
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O projeto da série foi vendido sem nem mesmo ter um roteiro
* US$ 11,5 milhões foram gastos no episódio-piloto de duas horas
* 18,6 milhões de pessoas assistiram ao primeiro episódio da série nos Estados Unidos
* Entre as diversas premiações, ‘Lost' ganhou nove Emmys e um Globo de Ouro
* A série contou com a participação do brasileiro Rodrigo Santoro em sua terceira temporada
* Toda a saga, em suas seis temporadas, possui um total de 117 episódios
* Especula-se sobre a possibilidade de transformar a história em filme




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