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De olho no sul-americano
Bianca Daga
Especial para o Diário
08/02/2010 | 07:08
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O sonho sobre rodinhas. É em cima dos patins in line, praticando patinação de velocidade, que os atletas e dirigentes da Aesp Mauá (Associação de Esportes sobre Patins) lutam todos os dias para conquistar o grande objetivo deste ano: ver pelo menos um dos atletas da equipe no Campeonato Sul-Americano de Clubes, que ocorrerá no Chile ou na Argentina (o local ainda não foi definido).

"Por enquanto, só conseguimos ver patinadores nossos atuando fora do País individualmente, o que já foi muito gratificante, mas enquanto associação ainda não. Será uma luta difícil, porque além de prepará-los bem tecnicamente, precisamos de patrocínio que nos ajude a tornar possível esse desafio", explicou o treinador da Aesp, Henrique Gomes, que está no cargo desde 2007 e atuou como auxiliar técnico da Seleção Brasileira na preparação dos patinadores para o Pan-Americano do Rio de Janeiro.

Mesmo sem ajuda financeira, os patinadores de Mauá têm diversas conquistas no currículo. A Aesp é a atual vencedora do Campeonato Paulista e ficou em quarto lugar no último Brasileiro. Além disso, vários atletas da associação já receberam o título de melhor patinador do Brasil e em 2009, um deles, Gilberto Veloso de Souza, foi recordista brasileiro de patinação de velocidade na categoria júnior, pela qual compete, e também na adulto. "Eu nem imaginava. Foi um sonho para mim e minha meta agora é conquistar um Mundial", comemorou o jovem de apenas 17 anos.

A Aesp Mauá, que existe desde 2001 e inicialmente apostava no hóquei, começou a investir na patinação de velocidade em 2003 e conta atualmente com 15 atletas de competição, entre crianças, adolescentes e adultos. Todos os treinos, técnicos e físicos, são realizados em uma pista de 200 m, desenhada no estacionamento do Paço Municipal de Mauá, tamanho oficial de uma pista de patinação de velocidade. Cada atleta paga por mês o valor simbólico de R$ 15. No entanto, os gastos da Aesp chegam a cerca de R$ 10 mil por ano e as únicas ajudas que os dirigentes têm vêm da Prefeitura do município, de vez em quando, e do próprio bolso.

Até os 10 anos, os atletas aprendem o básico sobre como patinar com coordenação motora e equilíbrio em reta e curva. Já entre 10 e 15, eles começam a receber técnicas de como patinar para correr. Depois dos 15, os treinamentos são mais específicos, de acordo com o tipo de prova da qual cada um participará. Os menores treinam só de fim de semana, mas para quem tem mais de 14 anos o ritmo é pesado: treinam todos os dias. Os mais profissionais e que têm condições financeiras favoráveis utilizam o convênio que a Aesp tem com a Academia Halley, onde pagam metade do preço.

Kauane Isabel do Prado, 12, está há apenas um ano na Aesp e já começou a trilhar carreira de sucesso. Em 2009, a patinadora ganhou o título de atleta revelação no Paulista. "Quando eles anunciaram meu nome, deu muita vontade de chorar. Eu nem acreditei. Isso me incentivou muito. O troféu que eu ganhei está guardadinho em uma prateleira do meu quarto", brincou.


Respeito: ponto principal

O patinador mais velho da Aesp Mauá é Celso Roberto Bispo, 33 anos e, por coincidência, a mais nova é sua filha, Isabel Bispo, 7. Os dois começaram a praticar o esporte quase na mesma época. O pai conheceu a associação primeiro porque tinha amigos por lá. Logo depois, levou Isabela e a menina também se apaixonou pelos patins. Hoje, os dois são companheiros na modalidade. "Ajudamos e incentivamos um ao outro. E ela também me dá broncas, viu", brincou.

De acordo com o presidente da Aesp Mauá, Antônio Duarte, a diferença de idade entre os atletas, como a de 26 anos entre Celso e Isabela, proporciona ambiente familiar na hora dos treinos e das competições e é um dos diferenciais da equipe.

"Somos como uma grande família e valorizamos principalmente o respeito. Nossa intenção não é dar para essas pessoas somente formação esportiva, mas também educacional. Queremos formar cidadãos aqui dentro."

Um dos planos da Aesp é conseguir estrutura maior, com ajuda da Prefeitura e de empresas privadas, para atender melhor, principalmente às crianças que treinam lá. BD




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