Os integrantes da CPI que investigará contratos da Secretaria de Educação em Diadema, no governo Lauro Michels (PV), com construtora situada nos fundos de um cortiço na periferia da cidade decidiram blindar das investigações o atual presidente da Câmara, Marcos Michels (PV), chefe da Pasta à época dos convênios.

Durante a primeira audiência da comissão, realizada ontem à tarde, o relator da CPI, Josa Queiroz (PT), antecipou ser “desnecessária” a convocação de Marcos para prestar possíveis esclarecimentos. “A não ser que as evidências responsabilizem ele (Marcos). Caso contrário, não vejo necessidade nenhuma de convocar o presidente para poder ouvi-lo. Pode ser que ele queira, mas é descabido. Para que criar uma situação dessa aqui dentro?”, alegou o petista, ao classificar como “situação estranha” eventual convocação de Marcos.

Encampada pelo secretário de Assuntos Jurídicos do Legislativo, Roberto Viola, o argumento de Josa e do presidente da CPI, Companheiro Sérgio Ramos da Silva (PPS), é de que a atual chefe da Pasta, Tatiane Ramos (PSB), é responsável por responder as dúvidas durante as apurações, mesmo tendo sido Marcos o titular do setor na época em que os contratos foram assinados, a partir de 2014.

A suspeita é a de que a empresa, a Mendonça e Silva Construção e Reforma Ltda, seja fantasma e que os serviços pelos quais foi contratada – reforma em escolas municipais – não tenham sido executados. O endereço de cadastro da firma na Junta Comercial remete a várias casas de aluguel no bairro Jardim Inamar.

Os acordos com a Mendonça e Silva foram realizados por meio de carta-convite e totalizam quase R$ 1 milhão. O Diário revelou o caso com exclusividade no dia 1º de março.

Durante o encontro de ontem, os integrantes da comissão definiram o cronograma dos trabalhos. As reuniões serão realizadas toda sexta-feira, às 14h. Em primeiro momento, o dono da firma, Orisvaldo José da Silva, será convocado para a próxima audiência. Por conta do feriado de Tiradentes (21), nesta semana, o encontro só ocorrerá no dia 28. A comissão também já solicitou cópia dos contratos para o Paço e definiu que, na diligência do dia 5 de maio, serão chamados a depor os atuais secretários Tatiane Ramos e José Marcelo Ferreira (de Obras).

Já na primeira reunião faltaram os vereadores Célio Boi (PSB) e Rodrigo Capel (PV). O governista Sérgio Mano (PSB) participou do encontro, realizado a portas fechadas por quase uma hora, embora o parlamentar não faça parte da composição. Indicado pelo bloco PT-PR-PRB, Ricardo Yoshio também compareceu ao ato.