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Juventude perdida
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
14/02/2009 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


A crise de identidade em que o Grande ABC mergulhou após a globalização que serve como metáfora para uma juventude igualmente perdida é o tema que o diretor e roteirista André Okuma explora no curta-metragem O Acaso Entre a Distância e Algum Lugar, que filma hoje e amanhã em Santo André.

A equipe, frisa Okuma, é toda formada por pessoas que, de alguma forma, relacionam-se com a região - a maioria mora ou trabalha por aqui. O curta deve ter entre 10 e 15 minutos e, a exemplo de outras produções de baixo custo, será divulgado maciçamente pela internet.

Formado pela Escola Livre de Cinema e Vídeo, André deve utilizar equipamentos da cidade - como o Paço Municipal, a Casa do Olhar e a Casa da Palavra, como locações. Apesar disso, a ideia não é transformar as cenas em cartões postais andreenses. "As pessoas daqui reconhecerão alguns detalhes, mas o foco é não situar a história numa cidade específica. Poderia ser Berlim, poderia ser qualquer outro lugar", diz o diretor.

O roteiro, no qual Okuma incluiu trechos de poesias do escritor andreense Mateus Novaes, conta a história de um garoto de aproximadamente 20 anos (Guilherme Santos) que vive as dúvidas comuns à idade e sofre com a falta de perspectiva. O personagem, que assim como os demais não tem nome, poderia ser qualquer outro jovem da região: o pai era metalúrgico, ele fez um curso técnico, mas não consegue emprego na área e a mãe sustenta a casa trabalhando no comércio após a morte do marido.

Ao redor do protagonista, outros personagens exprimem comportamentos também comuns: o amigo de infância (Emerson Santana) que percebeu o esquema e rompeu com as conveniências e uma colega do curso de inglês (Rita Maltempi), garota deslumbrada que representa o consumismo.

Na equipe estão ainda Celso Luz (direção de fotografia), Débora Bolzan (câmera), Ana Paula Isai (direção de produção e assistência de direção), Fernando Okuma (assistência de produção), Renata Venço (assistência de direção de arte), Natália Tibério (figurinos) e Ademir Antunes (still). A trilha sonora é dos músicos De Portela, Amarilton, Krias de Kafka.

O arte-educador Carlos Lotto faz um trabalho raro em curtas-metragens sem patrocínio: preparação de elenco. "Em geral em produções de audiovisual se tem um deslumbre muito grande com a técnica e se esquece do ator, que é um veículo muito importante para a história", afirma.

Guilherme Santos e Rita Maltempi, que nunca haviam tido tempo para se preparar, aprovaram a iniciativa. "Tivemos liberdade para conversar sobre o roteiro e nos habituarmos aos personagens", diz o protagonista.




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