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Setor de brindes busca recuperação
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
10/07/2011 | 07:30
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Mudar os rumos do negócio e lucrar mais no setor de brindes. Com destaque para a manobra ter sido feita em pleno ano de crise econômica mundial, quando todas as companhias simplesmente deixaram de investir nesse setor, a fim de reduzir custos.

A Espaço Fechado, empresa de Santo André que comercializa relógios para brindes, decidiu apostar na consignação. Dessa forma, os ganhos iam depender das vendas dos clientes. Deu certo. Em pleno ano de abalo financeiro no mercado, conseguiu aumentar o faturamento em 50% sobre os resultados de 2008, segundo o diretor comercial Alexandre Paschoallato. Ele prevê aumentar em até 40% os rendimentos neste ano.

A empresa mauaense de brinquedos, Líder, se prejudicou em 2009 por causa da crise. A retomada veio no ano seguinte, quando teve ganhos reais de 28%, relata o gerente de vendas de brindes Nuri Dib. E foi apostando nas bolas plásticas que a companhia mantém fiéis clientes.

Questionado sobre arriscar em itens que não são mais preferidos pelas crianças - como carrinhos que não andam ao toque de um botão, mas feitos de madeira -, ele descarta que haverá novo portfólio. "O Brasil ainda é o País do futebol, portanto, as bolas sempre vão ter espaço. Vendendo a partir de R$ 0,90 alavancamos as vendas." Como exemplo, cita 1,5 milhão de unidades comercializadas recentemente. Ele prevê que vai aumentar em 10% as comercializações, contra 2010.

Nem todos, porém, tiveram sucesso em 2009. Ano em que o setor amargou retração de R$ 1,5 bilhão (veja a arte abaixo), em relação aos R$ 6 bilhões faturados em 2008. E o setor ainda está longe de recuperar o vigor que tinha nessa época. Isso porque a previsão é de que, neste ano, os brindes movimentem R$ 5,4 bilhões, segundo o diretor da Bríndice, Luiz Roberto Salvador. Já o vice-presidente da Associação de Marketing Promocional, Auli De Vitto, é mais otimista, prevendo que haverá retomada de fôlego até dezembro.

Algumas barreiras contribuíram para prejudicar o segmento. A primeira foi banir brindes em campanhas políticas, que abocanhavam filão do setor, desde 2006. Outra veio apenas três anos depois: médicos foram proibidos pela Anvisa de receber brindes das farmacêuticas.

No entanto, o fato é que hoje o setor está em ascensão não só no faturamento, como também no emprego. Depois de demitir 35 mil profissionais no ano passado, sinal do mau resultado que teve em 2009, a expectativa é que em 2011 o número de contratados suba para 85 mil - contra 80 mil de 2010.

Prova disso é a aposta do número de empresários que vão lançar fichas nos brindes neste ano: 47% contra 19% em 2009, segundo pesquisa da Ampro. "Essa recuperação se deu em três segmentos de maior abrangência; eventos, campanhas de incentivo e feiras, que foram responsáveis pela retomada dos brindes, um dos maiores nichos a se recuperar", diz De Vitto, ao acrescentar que o setor deve bater nos R$ 6,7 bilhões em 2012. "É uma perspectiva factível."

 

Feira do segmento apresentou novidades tecnológicas

Para quem pensa que brinde se resume a canetas, botons ou chaveiros, está equivocado. Com a evolução tecnologia e o aumento do faturamento das grandes empresas, produtos como pendrives à prova d'água, ou agendas digitais tomam cada vez mais o espaço dos brindes menos funcionais.

Na 18ª edição da Expo Bríndice, uma das maiores feiras de brindes da América Latina, que aconteceu nesta semana, tinha de tudo. Os cerca de 8.500 empresários do setor que visitaram a feira - número 6,2% maior do que no ano passado - puderam conferir brindes que iam do ultra high tech ao sustentável, do barato ao caro (havia itens a R$ 0,50, como canetas e chaveiros, e os que chegavam a R$ 5.000, caso dos sofisticados kits natalinos de brindes, com taças lustrosas e proseccos).

O gerente de marketing da Ashtar, Ricardo Botega, afirma que a empresa irá apostar na linha de grife para impulsionar em até 10% o faturamento contra 2010. "A linha de importados representa 80%, mas são os produtos como pendrives e outros da área de TI que funcionam como chamarizes para nós", afirma.

Além das sandálias, bolsas, jogos nos estandes, havia até tablets - iPad, da Apple - personalizável para dar de brinde, caso da Blinder. O representante da empresa Jeferson Narciso Vieira afirmou que, embora o ano tenha começado "estranho" para o setor, com mudanças na política que geram cautela devido aos rumos que terá a economia, é possível estimar alta de 15% nas vendas até o fim do ano.

Opinião compartilhada com o gerente de vendas da mauaense Líder Brinquedos, Nuri Dib, que projeta melhora no setor até dezembro.

Mais duas empresas do Grande ABC marcaram presença na feira; a Espaço Fechado e a ADR Bolsas, ambas de Santo André.

 

Produtos sustentáveis estão entre as apostas

Uma das apostas dos empresários do setor de brindes está em oferecer produtos sustentáveis. Na Expo Bríndice, que aconteceu nesta semana, na Capital, a maioria dos 70 expositores tinha em seus catálogos produtos desse tipo.

Alguns dedicavam todo o portfólio a camisetas, ecobags e outros itens, como troféus feitos de madeira certificada, que tinham como slogan a preservação ao meio ambiente ou que eram feitos de itens recicláveis ou biodegradáveis.

A empresa Fugiro Ecobrindes afirmou que seu público é institucional e preocupado com a mensagem de preservação ao meio ambiente. Tem até camiseta 3D feita de garrafa pet. "Ao pôr os óculos, a imagem estampada fica tridimensional", diz o representante Diogo Mariscal.

Outra empresa, a Hallekann, oferecia populares ecobags retornáveis. "Antes era mais uma maneira sustentável de comprar em supermercados, mas corremos o risco de não ter mais as sacolinhas plásticas e ter de usar apenas as sustentáveis", afirma Elaine Santos, em referência a lei aprovada na Capital - que deve virar tendência no País - proibir, sujeito a multa, o uso das sacolas tradicionais. Na Capital a proibição começa em janeiro. Na região, ainda não se aprovou leis afins.




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