Alter ego de Holesgrove, que mora em São Paulo há um ano e é casado com a atriz brasileira Luciana Saul, o personagem procura algo novo na vida. “Sempre quis ser ator, mas quando mais jovem fui para a universidade estudar Direito. Quando criei o personagem, não fazia o que queria. Ficava sempre no escritório, estudando e escrevendo. Precisei me liberar disso para fazer teatro. Derick trabalha demais e precisa escapar da rotina”, afirma.
Construído dentro da tradição clownesca, Derick é a representação de alguém escondido no cotidiano que se torna um pouco louco e quer fazer algo bem estúpido na rua por causa do estresse e da repressão do dia-a-dia. Ele faz muitas piadinhas. Entre as trapalhadas que o personagem cria, está a dos cafezinhos, expressa numa “seqüência de malabarismos”. “A acrobacia central está em uma torre de cadeiras de quase 2,5m de altura”, diz.
"Derick Does the Chairs é mais um espetáculo de clown, feito para a rua”, afirma Holesgrove. Entende-se, assim, que seja uma comédia que permite um jogo com a participação do público. “Espero que sim”, diz o australiano. O cenário é bem simples: “Viajei por toda a Europa com as coisas numa mala só”.
Criada em 1998, a montagem também faz uma crítica à vida urbana. “Camberra (capital da Austrália), onde comecei a fazer o espetáculo, é uma cidade bem burocrática que tem uma singularidade, como Brasília: foi planejada para ser capital. Cerca de 90% das pessoas trabalham em escritórios do governo”, diz.
A maior parte de Derick Does the Chairs se desenrola sob o idioma inglês. “Há piadinhas em português, importantes para que todos entendam o espetáculo. Também uso, em algumas brincadeiras, palavras de músicas de Roberto Carlos. E a linguagem do clown é universal”, diz.
Holesgrove já se apresentou cinco vezes pelo Cultura Inglesa Festival e diz gostar muito do público brasileiro: “Os públicos latinos são mais animados. Teatro de rua não tem regras, as pessoas gostam ou não. Fundamental é a conexão ator-público”.
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