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'Pókemon' estréia dia 7 e deve ser campeao de bilheteria
Do Diário do Grande ABC
31/12/1999 | 19:10
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Se depender da empresa Warner, o ano que começa já tem um campeao de bilheteria. É "Pokémon, o Filme", que estréia dia 7 em 300 salas de todo o país. Baseado na série que virou um fenômeno na TV, o filme pretende avançar como um rolo compressor sobre as demais produçoes voltadas para o público infantil. A expectativa é de que encontre resistência especialmente em "Castelo Rá-Tim-Bum - O Filme", o melhor entre os nacionais que competem na mesma faixa de público.

Há mais atraçoes anunciadas para as crianças em 2000. A Buena Vista deve pôr em julho nos cinemas brasileiros a nova versao de "Fantasia", que está estreando agora nos Estados Unidos. O primeiro "Fantasia", produzido pela Disney nos anos 40, é um marco no cinema de animaçao, embora em geral seja mais atraente para espectadores adultos do que para crianças. A nova versao pretende levar ainda mais longe a (r)evoluçao tecnológica e artística do seu antecessor, que, só para lembrar, era um dos filmes preferidos do modernista Mário de Andrade.

Hollywood, que obteve com "O Sexto Sentido" (4,5 milhoes de espectadores) o maior sucesso de 1999 no país, com certeza vai prosseguir na sua cruzada para dominar cada vez mais os mercados mundiais. O grande problema desse tipo de imperialismo cinematográfico é pôr em risco a sobrevivência das cinematografias nacionais, uniformizando a produçao mundial em forma de videoclipe para platéias infanto-juvenis. Contra esse tipo de massificaçao cultural se levantam vozes importantes até nos Estados Unidos.

Alguns dos filmes (para adultos) mais esperados deste início de ano já despontam como favoritos ao Oscar. A United International Pictures (UIP) estréia em fevereiro Beleza Americana e a Lumiére, também em fevereiro, deve colocar nas telas "O Talentoso Ripley". Ambos discutem os problemas de identidade do homem americano no fim dos novecentos. Beleza Americana, de Sam Mendes, faz um retrato cruel da família ao mostrar Kevin Spacey como o homem que desestrutura sua vida ao se apaixonar pela colega de aula da filha adolescente. )

"O Talentoso Ripley" promete menos pela direçao de Anthony Minghella (de "O Paciente Inglês") do que por ser uma adaptaçao do romance de Patricia Highsmith que já virou um filme cultuado de René Clément ("O Sol por Testemunha"), com o jovem Alain Delon no papel que agora é de Matt Damon.

Antes de Ripley, a Lumiére quer rebentar nas bilheterias com o escândalo do verao - o Dogma de Kevin Smith, vítima da ira dos católicos por seu enfoque irreverente da religiao, estréia no dia 14. "A Pandora" promete prosseguir com sua política de reestrear, em cópias novas, grandes filmes. Este ano virao "A Doce Vida", de Federico Fellini, e "A Noite", de Michelangelo Antonioni. Até nas próprias distribuidoras americanas, a expectativa é de que 2000 traga mais produçoes voltadas para o público adulto, abandonando a infantilizaçao que parece ter tomado conta da produçao cinematográfica dos Estados Unidos. A alternativa, claro, está em outra parte. Hollywood pode ser sinônimo de cinema, mas felizmente, nao é todo o cinema que se vê hoje em dia.

Da França chega, em janeiro, "Asterix e Obelix contra César", mas o exemplo nao vale porque o diretor Claude Zidi foi acusado, até em seu país, de imitar os grandes espetáculos hollywoodianos. Da China, via a empresa americana Columbia, virá "Nenhum a Menos", experiência quase neo-realista de Zhang Yimou. Co-produçao americano-vietnamita, indicada para o Globo de Ouro na categoria de filme estrangeiro (pelo Vietna), estreará ainda em janeiro "Três Estaçoes", de Tony Bui, que ganhou o Festival de Sundance, em janeiro passado. É uma distribuiçao da Pandora, que também promete, para este mês, Place Vendôme, de Nicole Garcia, que deu a Catherine Deneuve o prêmio de melhor atriz em Veneza, 1998. Do Ira virá a arte de resistência de Abbas Kiarostami.

Depois de provocar sensaçao na 23.ª Mostra Internacional de Cinema, "O Vento nos Levará" deve chegar em março ao Espaço Unibanco, o grande templo dos filmes na cidade, numa distribuiçao da mostra. O melhor é que Leon Cakoff pretende fazer acompanhar essa estréia de uma exposiçao de fotos do próprio Kiarostami, cuja presença é aguardada em Sao Paulo.




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