O DAC (Departamento de Aviação Civil), órgão regulador do setor aéreo no país, inicia nesta terça-feira, na Vasp, uma auditoria com o objetivo de avaliar as condições de segurança e qualidade de atendimento prestado aos passageiros. A decisão acontece após a empresa informar, por meio de comunicado divulgado nesta segunda, que todos os seus vôos que operavam na ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro foram suspensos. Além disso, a companhia anunciou que os aviões com outros destinos só irão decolar se tiverem mais de 50% de passageiros.

A DAC já multou a Vasp por causa do cancelamento e, caso a auditoria perceba que empresa não oferece mais os requisitos mínimos para manter seus serviços, todas as operações da companhia poderão ser suspensas. O valor da multa não foi divulgado. De acordo com o DAC, o cancelamento de vôos pela Vasp não pode ser tornar um "procedimento corriqueiro".

Segundo o coordenador de Comunicação da Vasp, Mario Galvão, se a demanda for inferior a isso, os vôos continuarão a ser cancelados. "É a política da empresa agora", disse Galvão. A empresa aérea está enfrentando uma grave crise financeira e cancelou vôos em todo o país no fim de semana, sob a alegação de que eles estão com baixa ocupação.

De acordo com a empresa, o passageiro que tiver o vôo cancelado pode optar por esperar o próximo, ou pedir o ressarcimento do valor pago, o que demora 30 dias para ser realizado. As demais empresas aéreas não estão endossando os bilhetes da Vasp. "As empresas não estão aceitando passageiros da Vasp", afirmou Galvão.

Rio-São Paulo - Segundo o DAC, os vôos da Vasp na ponte aérea Rio-São Paulo já vinham sofrendo cancelamentos desde 15 de dezembro, mas somente nesta segunda a companhia informou a suspensão oficial de suas operações no Santos Dumont. O balcão de atendimento da empresa no aeroporto não abriu e nenhum funcionário apareceu para prestar informações aos clientes.

As telefonistas do Santos Dumont foram orientadas a encaminhar as pessoas que ligam para o balcão da Vasp para as lojas da empresa.

Salários - Galvão confirmou que o salário de dezembro dos funcionários está atrasado e deve ser pago "o mais breve possível". Sobre a dívida com o governo federal, a empresa informou que "o governo deve dinheiro à Vasp" e que o processo deve ser julgado em breve pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça).

"Em janeiro, a Varig e a TransBrasil tiveram parecer favorável e nós estamos aguardando", ressaltou Galvão. Dados da empresa revelam que o valor devido pelo governo federal à Vasp estaria em torno de R$ 2,8 bilhões, o que cancelaria a dívida da empresa com o governo.

Intervenção- O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira que o governo estadual não tem participação acionária na Vasp e não vai intervir na companhia.

"O Estado é o grande credor da Vasp", destacou Alckmin. Ele explicou que quando houve a privatização, o governo de São Paulo arcou com dívidas da Vasp, "mas não tem nenhuma participação na gestão da empresa". O governador descartou qualquer intervenção estatal para salvar a companhia.

A presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), Graziela Baggio, rebate a afirmação de Alckmin. De acordo com a sindicalista, o governo de São Paulo é dono de 40% das ações da Vasp.

A Vasp já foi a segunda maior empresa aérea do Brasil, com 30% de participação no mercado. Atualmente ela responde por apenas 1% dos vôos do país.