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Acampamento onde moram 500 pessoas têm regras próprias
Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
20/02/2009 | 07:00
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O acampamento do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no Jardim Paranavaí, em Mauá, se transformou em um condomínio de barracos com regras próprias.

O movimento informa que cerca de 500 pessoas moram nos 122 barracos. Para manter o controle, os acampados contam com esquema de vigilância noturna feita pelos próprios militantes. A entrada principal, por exemplo, tem cercas que obrigam a identificação de quem chega ao local.

A ocupação ganhou ares de definitiva com a organização do grupo invasor. A disposição dos barracos é feita de forma a garantir circulação por espaços que no futuro podem se transformar em ruas. Após finalizar a ligação clandestina de água, ontem o grupo se organizava para criar guaritas nos principais acessos ao acampamento.

Para garantir a permanência, o MTST garantiu ligações clandestinas de água e luz. Com isso, a vida de acampado se torna mais cômoda a quem espera por uma casa própria.

As diferentes histórias de vida dos acampados contrariam quem pensa que os invasores são desocupados. Grande parte das pessoas acampadas tem trabalho fixo e até teria condições de custear um aluguel.

A organização no acampamento é acompanhada pela liderança nacional do MTST. Todo o trabalho é feito pensando coletivamente.

INVASÃO - A violência da ação de ontem não é surpresa para os acampados. "Estamos em uma luta e vamos vencer, mas acho triste muitos de nossos companheiros terem ficado feridos lá na Prefeitura. Não queremos nada de graça, apenas um lugar para morar", disse a doméstica Iracema Calonga Marques, 60 anos.

Para suprir a ausência dos líderes do MTST do local no momento da invasão, o desempregado Marcelo Ribeiro dos Santos, 30, circulava pelo acampamento para conferir se está tudo em ordem com os moradores que não foram para a ação na Prefeitura de Mauá. "É uma tremenda responsabilidade cuidar de todos. Diariamente pessoas que perderam suas moradias no Jardim Zaíra e em outros bairros de Mauá batem em nossa porta em busca de um canto para ficar", disse Santos que recebe por mês R$ 415 de aposentadoria por motivos de saúde.

A organização do grupo, porém, não impede que os vizinhos reclamem do acampamento. "As mães da vizinhança ficam com medo de deixar suas crianças na rua. Lutamos tanto tempo para construir nossas casas, e de repente chegam essas pessoas", disse uma mulher que não quis se identificar.




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