Atravessar uma rodovia sem usar a passarela é uma aventura de alto risco que tem custado muitas vidas no Grande ABC, onde três cidades são cortadas pelo sistema Anchieta/Imigrantes. Entre janeiro e outubro deste ano, segundo a Polícia Rodoviária Estadual, foram 104 casos de atropelamento em todo o sistema. Destes, 69, ou 66%, aconteceram em trechos de Santo André, São Bernardo e Diadema. Um outro número, este da Ecovias, revela que 37% das pessoas atropeladas estavam a menos de 250 metros de uma passarela.

A região também registra uma alta concentração de vítimas fatais nesse tipo de acidente: dos 49 mortos no sistema, 22 eram de bairros do Grande ABC que ficam próximos às duas rodovias.

O coordenador de tráfego da Ecovias, Sidnei Torres, afirmou que a empresa tenta diminiuir o problema levando informação e orientação às famílias que vivem nesses locais.

Como as passarelas não têm sido suficientes para evitar os acidentes, a Ecovias também começou a instalar telas de proteção de 1,8 m de altura nas pistas. “Colocamos telamento nos trechos de acostamento entre os Kms 12 e 13 da Imigrantes e vamos ampliar para outros pontos críticos do sistema. Mesmo assim, existe gente que não obedece e se arrisca. É um caso de imprudência”, disse.

O mapa de atropelamentos fornecido pela Ecovias coloca entre os mais perigosos os trechos de planalto entre os Kms 11 e 23 da Anchieta (Santo André e São Bernardo), Kms 12 a 19 da Imigrantes (Diadema), Kms 1 a 8 da Cônego Domênico Rangoni (Guarujá); e Kms 280 a 291 da Padre Manoel da Nóbrega (Praia Grande). Na região, o Diário flagrou várias pessoas arriscando a vida para cruzar as estradas.

Segundo o coordenador Torres, os atropelamentos costumam acontecer principalmente no início da manhã, fim de tarde e noite. “Ocorrem sobretudo às sextas-feiras, sábados e domingos. Os números podem aumentar nos próximos mês, devido às festas de fim de ano”, disse.

Parte das vítimas fatais da região morreu em pontos próximos a passarelas. Somente na Anchieta, foram registradas mortes nos kms 30 (há passarela no 29,8) e 22 (a passarela fica no 21,1). Também foram identificados atropelamentos na Imigrantes nos kms 25, 15, 18, 17 e 27.

Em todos esses pontos há travessias para pedestres nas proximidades. “Não há necessidade de mais passarelas. Há travessias em todos os trechos povoados”, afirmou Torres.

Geral – Estatísticas da Ecovias também apontam crescimento do número de vítimas fatais de 2000 a 2003. Em 2000, 40 morreram entre novembro de 99 e outubro de 2000. Os últimos dados – de novembro de 2002 a outubro de 2003 – mostram que o índice subiu quase 40%, com 55 mortes por atropelamento.

Os números de emergência para situações de atropelamento são o 0800-197878, da Ecovias, e os telefones 4354-0640 e (13) 3363-5151, da Polícia Rodoviária.