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Rússia prossegue ataques no 3º dia de assalto a Grozny
Do Diário do Grande ABC
27/12/1999 | 12:48
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As forças russas continuaram seu avanço prudente em Grozny, nesta segunda-feira, no terceiro dia de assalto, apoiado por um bombardeio maciço, enquanto o presidente checheno Aslan Masjadov pedia aos combatentes chechenos que defendessem a cidade ``até o final'.

Os combates mais violentos ocorreram no setor Sul da capital chechena, em Chernorechie e Oktiabrskaya, defendida numa batalha encarniçada pelos combatentes, pois eles avaliam que o bosque do bairro é como uma porta aberta para uma possível fuga.

``Grozny será defendida até o final', declarou o presidente checheno Aslam Masjadov pela televisao chechena.

Aslambek Ismailov, comandante das tropas entrincheiradas em Grozny, declarou também, pela televisao chechena, que ``os combatentes chechenos nao precisam de corredores para abandonar a cidade, porque lutarao até o último homem'.

Também houve combates no bairro de Staropromyslovskaya (Oeste), onde as tropas federais afirmam ter liquidado 50 combatentes chechenos e só ter perdido três homens em suas fileiras, nas últimas 24 horas, segundo a Interfax.

Na frente Leste, russos e chechenos se enfrentaram, como na véspera, perto da praça Minutka, onde, segundo informaçoes desmentidas por Moscou, mais de 100 soldados russos haviam morrido, durante a primeira tentativa de invasao, há poucas semanas.

``Os soldados avançam com prudência e lentidao', declarou Viktor Zaitsev, encarregado das tropas russas na frente, para quem as perdas russas sao ``mínimas'.

O ataque a Grozny desenrola-se ``conforme os planos', afirmou o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, em sua primeira declaraçao desde o começo do assalto, no sábado. ``Em Grozny, tudo ocorre conforme o previsto. Faremos como temos dito', declarou Putin, que falou esta manha com o presidente Boris Yeltsin.

Nesta segunda-feira, apenas 2 mil homens, de um total de 100 mil, haviam entrado em Grozny, sendo que o grosso da força permanece na periferia, para bombardear. Segundo estimativas russas, os defensores de Grozny seriam de 1.500 a 2 mil homens.

Em 1995, os russos entraram muito rapidamente em Grozny, mas tiveram que recuar com mais rapidez ainda, depois de terem sofrido enormes perdas. Os tanques e veículos pesados, que nao podiam manobrar por ruas estreitas nem nos pátios dos prédios, ficaram à mercê dos combatentes chechenos, que com grande mobilidade usavam táticas de guerrilha, aparecendo de surpresa, atacando e desaparecendo em seguida.

A conquista da capital demorou mais de um mês e meio. O objetivo agora é ``limpar' a cidade, devastada em grande parte, antes de ingressar nela.

De qualquer maneira, a operaçao nao se desenvolve sem críticas. No local, os homens se queixam de falta de planejamento. ``A tática de apertar o cerco e atacar por todas as frentes é errada. Já tivemos importantes perdas, que nao vao parar de aumentar', disse um jovem oficial russo que pediu anonimato. ``Temos que enfrentar os combatentes chechenos por todos os lugares, menos em Grozny. É o pior terreno para nós'.

As perdas sao impossíveis de confirmar. Os chechenos afirmam ter matado centenas de russos em Grozny, enquanto que as perdas anunciadas por Moscou sao mínimas.

``É só o começo', dizia esta segunda-feira o especialista militar independente Pavel Felgenhauer. ``Uma vez que os russos se acerquem do centro da cidade, já nao poderao utilizar a artilharia ou o bombardeio aéreo. Os chechenos sairao entao de seus esconderijos e atacarao os russos', previu.




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