Moradores da favela da Gamboa, no bairro Paraíso, em Santo André, travam queda de braço com a Prefeitura. A área está sendo desapropriada pelo poder público, que informou ter cadastrado 585 famílias do local para receber moradias no Conjunto Habitacional Alzira Franco. A administração afirmou ter removido 250 casas.

Os habitantes mais antigos da comunidade acusam a Prefeitura de falta de controle das famílias cadastradas. "O cadastro foi feito em 1994. Desde então, muitas famílias nem estão mais aqui. A maioria das pessoas que estão morando na favela não tem cadastro", disse o segurança Fernando Lisboa, 25 anos. Segundo ele, pessoas que foram contempladas com os apartamentos agiram de má-fé ao vender os barracos com ordem de desapropriação. "Tem muita gente que comprou as casas sem saber de todo esse problema."

Quem passou por esta situação foi a dona de casa Maria de Lurdes Feitosa, 52, que disse ter comprado - há cinco meses - um barraco por R$ 5.000. "Eu não sabia que esta área seria desapropriada. Agora que comprei, como vou fazer? Não tem nem como achar o antigo proprietário", lamentou. Na manhã de ontem, moradores impediram que funcionários da Prefeitura cumprissem a reintegração na casa de Maria de Lurdes.

Outro problema da comunidade são as invasões feitas após as desocupações. O promotor de vendas Claudinei dos Santos, 23, é um deles. "Eu já morava aqui na favela, mas em outra casa. Há um ano, invadi o barraco onde eu moro agora. Tenho filho pequeno, não tive outra opção", revelou.

Quando a casa foi desapropriada, foi parcialmente destruída, o que possibilitou a reconstrução. "O certo seria derrubar tudo, senão o povo invade mesmo. Não tem onde morar", avaliou Santos. O morador afirmou que a Prefeitura não fiscalizava o local para evitar novas ocupações.

A Secretaria de Habitação da Prefeitura foi procurada ontem, mas não comentou as acusações feitas pela comunidade. Na terça-feira, os moradores prometem fazer novo protesto cobrando moradias, desta vez em frente ao Paço Municipal. Anteontem, foi feita manifestação na Avenida Pereira Barreto.