A nova ortografia da Língua Portuguesa entra em vigor amanhã e vai alterar a maneira como as notícias são veiculadas pelo Diário. Todos os textos do jornal obedecerão às novas normas estipuladas em decreto válido para Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. Na página do Diário Online, as mudanças serão automáticas desde a primeira hora de amanhã.

As regras parecerão estranhas aos olhos do leitor, que terá de se adaptar a ideias sem acento, micro-ondas com hífen e linguiça sem trema. O alfabeto também fica oficialmente alterado. A eterna polêmica sobre as letras k, w e y acabou. As três estão incorporadas ao modo de escrever do brasileiro, que poderá usá-las com mais naturalidade na grafia de nomes próprios, por exemplo.

As dúvidas ficarão concentradas no uso de acentos agudos e circunflexos, além do hífen. Para saná-las, especialistas aguardam a divulgação, pela Academia Brasileira de Letras, do novo Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), que trará a nova grafia.

O mercado editorial brasileiro já dispõe de obras com comentários e instruções sobre o acordo ortográfico, mas dicionários ainda divergem sobre a nova grafia. Em outubro deste ano, o Diário mostrou que uma mesma palavra era escrita em formas diferentes pelo Aurélio e Houaiss. Era o caso de re-eleitos ou reeleitos.

A atenção deverá ser redobrada por quem usa o computador, já que corretores ortográficos ainda não estão adaptados. A boa notícia é que o prazo para a escrita correta de documentos oficiais foi estendido até 2012, quando também os livros escolares terão de respeitar o acordo.

Aos poucos, a ortografia de placas explicativas de museus, créditos de filmes e livros ou material de governo também deverá mostrar as diferenças do novo acordo ortográfico. O Museu da Língua Portuguesa, na Capital, já estuda formas de corrigir a língua válida até a meia-noite de hoje. Dentro de um ano todo o material informativo deve ser atualizado.

Para o doutor em Letras pela USP e autor do livro O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa - o que muda, o que não muda, Maurício Silva, as pessoas não devem se apressar a assimilar a nova ortografia. "O período de adaptação deve ser de quatro anos e vai acontecer de maneira paulatina, até nas escolas."