Goleiro com o maior número de atuações pelo Boa Esporte (aproximadamente 80, segundo ele) e participante de quatro dos sete títulos do clube – dois deles ainda com o antigo nome de Ituiutaba –, Daniel, do São Bernardo, comentou a polêmica contratação de Bruno pelo time mineiro por dois anos.

Favorável à ressocialização de ex-presidiários, diz que seu substituto também “é humano”, mas enxerga precipitação por parte da equipe de Varginha em trazer o reforço, condenado a 22 anos e três meses de prisão em 2010 por homicídio e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, além de sequestro e cárcere privado do filho Bruninho – ficou recluso por seis anos e aguarda em liberdade o julgamento do recurso contra a condenação.

“(A volta aos gramados) Foi muito precipitada. Precisaria, primeiro, resgatar a imagem do cidadão, uma ressocialização do Bruno perante a sociedade, para depois pensar em jogar futebol, representar uma equipe arcando com tudo que pode trazer como consequências positivas e negativas”, diz Daniel, 35 anos – que esteve emprestado pelo Tigre ao clube mineiro entre maio e dezembro de 2016 e levantou o título da Série C .

“Eles, diretoria e gestores têm de analisar pró e contra de uma contratação que traz tanto impacto assim. Avaliar se vale a pena perder patrocínio, perder apoio político e da cidade, ter torcedores divididos por tudo o que está representando essa situação. Não estou dizendo que jogaram fora tudo o que a gente conquistou. Pelo contrário. Também fazem parte. Mas têm de pôr na balança e ver se vale a pena”, analisou Daniel. “Se em sã consciência avaliarem que é benéfico ao clube, têm de dar sequência. Se não for, reconhecer e mudar as direções e diretrizes do objetivo.”

Deixando de lado o aspecto fora de campo, Daniel vê Bruno “inquestionável” dentro das quatro linhas. “Tem totais condições de trabalhar, jogar e fazer bom papel no Boa”, finalizou o arqueiro do Tigre.