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Empresa de ônibus pressiona São Bernardo a reajustar tarifa

SBC Trans alega dificuldade para manter custos
do transporte; os motoristas realizaram paralisação

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
08/02/2017 | 07:07
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Nario Barbosa/DGABC



O reajuste da tarifa do transporte municipal de São Bernardo é um dos pleitos da SBC Trans, responsável pelo serviço na cidade. Sob justificativa de que os valores estão defasados há 24 meses, o que já causa, inclusive, atraso dos salários dos funcionários, a empresa pressiona a Prefeitura a aumentar o preço da passagem. Conforme o diretor da SBC Trans, Nelson Ribeiro, o assunto já começou a ser discutido ontem, em reunião junto ao prefeito Orlando Morando (PSDB). O Paço, por sua vez, nega.

Atualmente, usuários do sistema municipal de São Bernardo desembolsam R$ 3,80 pela passagem. Conforme Ribeiro, a taxa deveria ser de R$ 4,70 para cobrir todos os gastos, incluindo o pagamento de salários. “Nos reunimos hoje (ontem) com a Secretaria dos Transportes e retomamos a discussão sobre a tarifa. Eles estão discutindo os mecanismos para recomposição do equilíbrio tarifário. Estão estudando essa questão e ainda não deram posição definitiva”, afirma.

No entanto, a Prefeitura diz que a questão do reajuste da tarifa ainda não começou a ser discutida. “A administração ressalta que não possui pendências financeiras com a empresa de transporte e que as tratativas foram feitas diretamente entre a empresa e o sindicato”, informou, em nota, a respeito de paralisação de cobradores e motoristas, realizada ontem, entre 10h e 14h em razão de atraso dos salários.

Durante quatro horas, a Avenida Faria Lima, no Centro de São Bernardo, ficou intransitável. Funcionários da SBC Trans estacionaram cerca de 200 ônibus na via. Os passageiros foram obrigados a desembarcar e a continuar o percurso por outros meios.

O casal Inês Fernandes, 62 anos, e Valter Albanez, 71, teve que ir a pé até o Hospital Anchieta, caminhada de mais de 20 minutos. “Tudo bem que a gente não paga passagem, mas ninguém esperava que ia acontecer isso. Preferimos ir andando, até por conta do trânsito. Eu também entendo o ato, que é legítimo pelos salários”, afirmou ela, que precisava remarcar uma consulta médica.

A estudante Gabriela Barbosa da Silva, 20, se dirigia até o centro da cidade para pagar contas. “Eu estava esperando o ônibus há quase uma hora e, quando ele veio, estava lotado. O motorista abriu a porta para a gente sair, mas ninguém sabia o que estava acontecendo”, afirmou a moradora do Jardim Seleta.

Conforme o assessor geral do Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC), Elias Leão de Jesus, o Buiu, são pelo menos 1.200 trabalhadores prejudicados. “A empresa alega dificuldades financeiras. Nós paramos porque não tem sentido ficar sem salários. Temos água, aluguel e demais despesas.”

Durante o ato, o diretor da SBC Trans Nelson Ribeiro afirmou que o pagamento dos salários deve acontecer hoje.

MAUÁ
O prefeito de Mauá, Átila Jacomussi (PSB), também afirma que não há discussão oficial sobre o assunto na cidade. O reajuste decretado no fim do ano passado foi revogado no começo do mês. “Estamos com muita cautela, vamos analisar. Primeiro a empresa tem que protocolar pedido, tem que realmente provocar, o que não aconteceu ainda. Mediante isso, vamos, junto com as secretarias de Mobilidade, Finanças e com o Jurídico, estudar” disse.

Santo André mantém reajuste da tarifa em R$ 4,20 desde o início do ano. São Caetano suspendeu o aumento decretado em dezembro. Ribeirão Pires subiu o preço do transporte público em novembro do ano passado. As demais cidades ainda não se posicionaram sobre a possibilidade de cobrar mais pela passagem.
 




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