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Banestado: determinação do BC pode ter começado lavagem de dinheiro
Do Diário OnLine
Com Agências
03/07/2003 | 20:45
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A CPI do Banestado ganhou mais um capítulo obscuro. Nesta quinta-feira, os dirigentes do Banco Central (BC) declaram que a lavagem de dinheiro pelas contas CC-5, em cinco agências bancárias de Foz do Iguaçu, só puderam ser feitas a partir de uma determinação especial expressa pelo próprio BC em 1996. De acordo com as explicações fornecidas, o problema aconteceu por causa dos 'sacoleiros', que faziam compras no Paraguai para vender seus produtos no Brasil.

Essa foi a linha de raciocínio do diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Sérgio Cavalheiro; do chefe de departamento de Operações Cambiais, José Maria Carvalho e do chefe de Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais, Ricardo Leiao.

Segundo eles, em 1996 o dólar e o real estava valendo um por um. Neta época, os 'sacoleiros' traziam mercadorias paraguaias para vender em real no Brasil. Depois, eles trocavam por dólares nas casas de câmbio do Brasil. Essa freqüente troca provocou uma pressão sobre o câmbio, o que prejudicaria a economia brasileira. Desta forma, o BC liberou os comerciantes paraguaios a realizarem depósitos em real (em espécie) em valores superiores a R$ 10 mil nas agências de Foz do Iguaçu. Porém, esta liberação abriu as portas para o início da lavagem de dinheiro.

Depois dos depoimentos, os parlamentares questionaram as explicações e levantaram dúvidas sobre os documentos apresentados pelos dirigentes do BC. Desta maneira, a comissão prometeu ouvi-los novamente.

Segundo informações do deputado Moroni Torgan (PFL-CE), o Banco Central foi omisso, já que, três meses após a decisão de liberar os depósitos, foram registradas as primeiras irregularidades. "Houve omissão do Banco Central", disse o deputado.

No entanto, somente em 1997 o BC encaminhou as primeiras denúncias ao Ministério Público (MP).

Provas - A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) apresentou dados que mostram que a autorização do Banco Central causou um acréscimo grande nas remessas de dinheiro para o exterior nas agências de Foz do Iguaçu.

De acordo com os números apresentados, em 95, antes da autorização, portanto, o valor dessas remessas somou US$ 4 bilhões. Já em 1996, ano do início da excepcionalidade, subiu para US$ 13 bilhões; em 1997, elevou-se para US$ 21,2 bilhões e, em 1998, para US$ 24,8 bilhões.

Pedido - CPI do Banestado aprovou, nesta quinta, um pedido de quebra de sigilo bancário do Banestado e das chamadas contas CC-5 dos bancos Araucária, Bemge e Real. Os deputados e senadores querem esclarecer como funcionava o esquema de evasão de divisas, que pode ter remetido ao exterior até US$ 30 bilhões.




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