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Aumento da tributação atinge mais a população de baixa renda
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/10/2009 | 07:00
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A população de baixa renda é a que mais sofre com o aumento da carga tributária federal, afirma o ex-economista do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico), José Roberto Rodrigues Afonso. "Essas famílias são mais prejudicadas com a tributação indireta (impostos embutidos nos produtos e serviços básicos)", diz.

O economista apresentou dados sobre os tributos federais durante o debate "A política fiscal e o sistema tributário brasileiro" realizado ontem na sede da Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo), entidade vinculada à Secretaria de Gestão Pública do Estado de São Paulo.

Afonso analisou o aumento da receita dos impostos federais entre os primeiros semestres de 2002 e 2009 para mostrar como a variação na tributação afetou mais o consumidor.

"Enquanto o Estado aumentou a sua arrecadação sobre alguns produtos e serviços básicos, como a alta de 211% na receita sobre as atividades de água e esgoto, o faturamento sobre atividades petrolíferas cresceu apenas 1,8%", explica Afonso.

Ele destaca que as famílias beneficiadas com o programa federal Bolsa Família também sofrem com esse aumento. "Se engana quem pensa que essa famílias não pagam impostos. Isso é uma falsa ideia. Pois tudo o que elas gastam com consumo é muito mais tributado do que outras atividades econômicas, como o petróleo."

Para o diretor técnico do IBPT (Instituto Brasileiro de Pesquisa Tributária), João Eloi Olenike, as famílias de baixa renda "realmente sofrem mais com a tributação indireta".

"Imagine um pai com renda de dois salários mínimos e outro com 30 salários mínimos. Os dois vão à mesma loja e compram uma bola de futebol para os seus filhos. O valor tributário embutido na bola é o mesmo para ambos, mas em comparação com a renda de cada um, é proporcionalmente maior para o pai com dois salários", explica.

Olenike diz que o Estudo sobre os dias trabalhados para pagar tributos, publicado em maio pelo IBPT, revela que grande parte da renda do trabalhador, 40%, será destinada aos impostos em 2009. O levantamento mostra que os tributos demandarão 147 dias de trabalho do contribuinte.




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