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É dia de decisão

Somos todos pertencentes a um único time: o time da solidariedade

Rodolfo Souza
01/12/2016 | 07:07
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Esta é uma homenagem a todos os torcedores de futebol que riem e choram por seus times e por seus ídolos do coração, principalmente os que se vão muito jovens, deixando para trás sonhos de conquistas e glórias.

Frente ao computador, perturba-me o caprichoso assunto que rodeia e rodeia minha mente inquieta, sem, no entanto, dar as caras. Brinca de esconder comigo o desaforado. Mas a calma da manhã acabará por jogá-lo no meu papel, estou certo.

De repente, ouço fogos. Por toda a parte, fogos. Aliás, desde que acordei neste ensolarado domingo ouço o distante ribombar de rojões que sempre sugerem algum tipo de comemoração.

Deve se tratar de homenagem a um santo qualquer – concluo sonolento.

Entretanto, dando uma folheada na internet em busca do tal assunto que me deixara na mão, logo descubro que é dia de final apaixonante no esporte bretão que tanta alegria leva aos corações deste meu povo que também digere novelas e programas de auditório com o mesmo entusiasmo.

Mesmo assim, indiferente ao barulho, eu procuro dar rumo para as minhas palavras.

Mas agora é a cantoria que entoa o nome do time aclamado, que afugenta de vez as palavras que principiavam aparecer uma a uma, como desejava a minha inspiração. Diacho de gente que acorda cedo no domingo só para comemorar uma hipotética vitória em um jogo que acontecerá somente à tarde!

E haja comemoração!

Se já estão afoitos muito antes da partida, o que será dessa gente se a equipe vencer? Vão botar abaixo a casa toda, enfeitada com as cores do clube e com distintivos por toda a parte.

Chego mesmo a desconfiar de que logo mais o businaço, a gritaria e os rojões ecoarão pelo espaço a fim de tirar a tranquilidade deste dia.

Mas só, então, depois de muito refletir a respeito da alegria alheia, me dou conta de que ela também pode ser minha. Por que não? Se há uma celebração e se esta se dá pelo sucesso no esporte, que venha!

Entretanto, como lidar com a mente torcedora que tende ao exagero na sua alegria ou na sua tristeza? Lá no estádio haverá festa logo mais.

E para que se tenha o que comemorar, a frustração de alguém deve marcar presença e entrar com a sua valiosa parcela de contribuição. Então, os ânimos se inflamam e pode haver conflito, sobretudo porque o vencido tem sempre que atribuir a alguém a culpa pelo seu infortúnio. Ou do seu clube.

Fato é que vitória traz glória como a própria rima sugere sutilmente. Ao torcedor, no entanto, resta encarar o dia a dia e continuar na luta, tenha vencido ou perdido, o seu time. E isso fica nítido para o torcedor que chega ao trabalho, veste o uniforme e guarda no vestiário a camisa do time do coração. É momento de parar, afinal, e seguir vivendo.

Da mesma forma, o que perdeu guarda a sua flâmula e parte para o batente, carregado da esperança de ver seu time campeão do próximo ano. Afinal, se chegamos até aqui é porque nossa equipe é boa. Ano que vem não tem para ninguém – consola-se o amante do futebol, com as mãos já sujas com a graxa do dia.
Consideremos, contudo, o fato de neste momento não haver vencedores ou vencidos. Somos todos pertencentes a um único time: o time da solidariedade. 




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