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Pão é vilão de custos na cesta básica
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
21/08/2011 | 07:30
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Divulgação


Nas refeições da manhã e da tarde, recheado com manteiga e acompanhado de café e leite. A tradicional combinação não seria a mesma sem o pão francês. Comprá-lo, no entanto, significou deixar mais dinheiro nas padarias ao longo de dez anos e meio.

A alta em seu preço o coloca, de longe, como líder no ranking de itens que mais encareceram: ficou 226,88% mais caro de 2000 até hoje. É quase o dobro da variação que tiveram, por exemplo, os 34 itens da cesta básica regional juntos, que se elevaram em 138%. Os dados fazem parte de levantamento semanal feito pela Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André.

O quilo do pão custava, em janeiro de 2001, exatos R$ 1,60 nas padarias do Grande ABC. Hoje, levar o mesmo quilo significa desembolsar R$ 5,23. Em nenhum momento da história recente ele ficou mais caro do que isso (veja a arte ao lado).

O curioso é que o preço do pãozinho ficou estável entre 2003 e 2008, em cerca de R$ 3, devido ao bom momento na safra de trigo. O engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezzá De Benedetto conta que governos acionaram mecanismos para impedir que a cadeia que envolve a produção do pão encarecesse nas mãos do consumidor, embora a farta produção da maior exportadora do trigo ao Brasil, a Argentina, controlasse os preços do grão, matéria-prima do alimento.

O cenário começou a complicar a partir dessa época. A Argentina sofreu vários revezes e, então, fez rarear a oferta do produto. "A quantidade importada caiu de 16 milhões de toneladas para 10 milhões de toneladas ao ano. Tivemos de buscar o insumo em outros lugares", afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação de Santo André e região, Antônio Carlos Henriques.

Ele acrescenta que os custos de energia ao empreendedor subiram em doses pesadas desde então, além do custo da celulose, que também ganhou preço. "Somando tudo isso à perda da estabilidade nos preços fez com que o pão fosse reajustado", explica.

Mas o cenário não é para que o pãozinho pese no orçamento. Salvo o aumento natural, que acompanha o ritmo da inflação, Henriques afirma que os custos do quilo estão estáveis.

OUTROS PRODUTOS - Os itens que mais contribuem na composição de preços da cesta básica regional, a carne com corte nobre ou de segunda, junto ao frango, também tiveram elevação de preços acima da média do grupo de 34 itens.

O corte de segunda, como o acém, ocupa a segunda posição de maior crescimento na década. Em 2001, o quilo do alimento saía do açougue por R$ 3,99. Nesta semana, a região somou custo médio de R$ 11,06 nesse alimento. Alta de 177,2% nessa jornada.

O frango aparece logo em seguida, com variação de 125,6% entre janeiro de 2001 e agosto (custa hoje R$ 3,97 o quilo, contra R$ 1,76 da época). A carne de primeira variou 151,2% no mesmo período, e o quilo saltou de R$ 6,21 para R$ 15,60 nesta semana (veja quadro abaixo).

Para Benedetto, a população quer consumir mais esse grupo, que liderou o encarecimento e que possui seus valores definidos no mercado internacional, sofrendo grandes variações. "Se aumenta o dinheiro na mão do consumidor, ele não vai comprar arroz, cuja demanda está equilibrada, com safra superior. E sim carne."

 




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