Memória Titulo
Santo André da Borda do Campo lembrado
Ademir Medici
24/11/2016 | 07:00
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 Bastaram pouco mais de 70 anos para que São Bernardo, pelas suas novas autoridades, esquecesse o maior movimento cívico político e contemporâneo de sua história. A emancipação obtida em 30 de novembro de 1944 não pode e não deve ficar à sombra da história. E quem deveria se posicionar para que isso não acontecesse? Sem dúvida, os descendentes das lideranças de 1944.

Ontem recebemos a informação, dada pela Hilda Breda, que dona Leonilda Zobolli, viúva de Attilio Zoboli, e sua filha Maristela, gostariam de ir conosco até o busto de Wallace Simonsen, dia 30. Só não sabem o horário. Também nós não sabemos. E é um detalhe importante esse, não? Como a visita será extraoficial, motivada por esta série de matérias aqui em Memória, propomos que a visita seja realizada entre 9h30 e 10h. Se todos concordarem, questão fechada.

A maior alegria desta página Memória seria reunir, dia 30, quarta-feira próxima, junto ao busto de Wallace Simonsen na Praça Lauro Gomes, representantes das famílias Azevedo Marques, Balottim, Basso, Bochile, Corazza, Ghirardello, Lima, Miele, Oliveira Lima, Raghiante, Ronchetti, Sabatini, Setti, Tabet Marques, Trabachini...

Reunir descendentes do médico Gabriel Nicolau, do trabalhador Nerino Colli, do economista Attilio Zoboli, de Antonio Salvador, do farmacêutico Diosnio Machado, de José de Oliveira, de Luiz Nelo Rossi... e todos os demais interessados

 

 

Verdadeiramente, o movimento da emancipação de São Bernardo foi muito rico e alguém, cujo nome não sabemos, quando chamado a propor o nome do novo município - não poderia ser simplesmente São Bernardo – lembrou a Vila de Santo André da Borda “do Campo”. E o apêndice “do Campo” foi incorporado ao nome São Bernardo, que em 2017, entre nós, completará 300 anos desde a construção da primeira capela, na Borda do Campo, dedicada a Bernardo de Claraval. Obra dos monges beneditinos, três séculos atrás.

 

E aconteceu:

O levante do empresariado

 

O movimento autonomista realizado em 1943 e 1944 em São Bernardo, cujo objetivo foi a elevação do então distrito à condição de município autônomo, com sua separação do Município de Santo André, não teve na participação popular o ingrediente mais decisivo. Foi um movimento das lideranças empresarias da cidade, basicamente, até porque o momento não abria espaço para grandes movimentações sociais.

Vivia-se a ditadura do Estado Novo. Os jornais publicavam na sua essência as notícias que eram encaminhadas pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP do governo federal. Getúlio Vargas perpetuava-se no cargo de presidente da República desde a Revolução de 1930.

Eleições não eram realizadas desde 1936. O Poder Legislativo estava suspenso. Governadores de Estado e prefeitos eram nomeados como interventores. O Departamento das Municipalidades, ligado à interventoria de cada Estado, é que analisava, aprovava e/ou rejeitava os projetos municipais financeiros.

No caso do atual Grande ABC, um único município estava constituído: Santo André. Tratava-se da velha Freguesia de São Bernardo, criada em 1812 e transformada em município em 1889, cuja sede, historicamente, situava-se na Vila de São Bernardo, hoje centro histórico e urbano de São Bernardo “do Campo”.

O movimento autonomista de São Bernardo surgira, exatamente, em oposição à transferência da sede da Vila de São Bernardo para Santo André em 1938. E em oposição à mudança do nome do Município, o que era Município de São Bernardo chamava-se, desde 1-1-1939, Santo André. A Vila de São Bernardo estava rebaixada à condição de simples distrito.

O prefeito de Santo André era José de Carvalho Sobrinho. Veio de Botucatu e se constituía em homem de confiança do Estado Novo. Morava em Santo André, despachava na Prefeitura ali situada. Era o braço direito da ditadura no futuro Grande ABC.

Neste cenário, a classe dominante de São Bernardo, distrito, não podia propagar seus ideais. Donos de fábricas de móveis e de tecelagens, comerciantes, proprietários e profissionais liberais, desde 1938 acalentavam o sonho da recuperação da autonomia municipal. Mas calavam-se.

Entre as grandes camadas da população, a rivalidade era demonstrada no futebol. Ressurgia a velha rixa entre batateiros e ceboleiros – das célebres batalhas de batatas e cebolas podres jogadas entre si por torcedores, dirigentes e atletas quando dos clássicos entre EC São Bernardo, o Esporte, e o Primeiro de Maio FC. Ou entre Palestra e Corinthians de Vila Alzira.

Batateiros eram os moradores de São Bernardo, Vila. Ceboleiros eram os andreenses.

A classe dominante de São Bernardo engolia a vontade de lutar pela independência. Temia o poderio de Carvalho Sobrinho e suas ligações com Fernando Costa, o interventor nomeado por Getúlio.

 

AMANHÃ EM MEMÓRIA:

Fundada a Sociedade Amigos de São Bernardo.

Era 10-6-1943. Presidente eleito: Wallace Cockrane Simonsen

 

Diário há 30 anos
Domingo, 23 de novembro de 1986 – ano 29, edição 6298

POLÍTICA – Só três eleitos no Grande ABC até agora nas eleições de 15 de novembro: deputados Lula e Grecco, federais; e José Cicote, estadual.

OAQUIM ALESSI – Votação dos candidatos do Grande ABC fica bem abaixo da expectativa.

COMPORTAMENTO – Guerra entre punks e metaleiros em Santo André. Reportagem: Nilton Hernandes e Walter Venturini.

 

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários em 24 de novembro:

No Rio Grande do Norte, Almino Afonso, Cruzeta, Marcelino Vieira e Presidente Juscelino.

No Rio Grande do Sul, Áurea.

Na Bahia, Mirangaba.

Na Paraíba, Santa Luzia.

Em Minas Gerais, Sete Lagoas.

 

Em 24 de novembro de...
1976 – Noite italiana no Teatro Municipal de Santo André. Apresentação do cantor lírico Boris Farina, acompanhado ao piano por Norma Cresto.

 

Santos do Dia
Flora e Maria. Santas e mártires espanholas. Em Córdoba, na região de Andaluzia, foram presas e mortas em perseguição realizada por muçulmanos no ano 851 d. C.

André Dung-Lac, presbítero, e companheiros mártires

Columbano

Crisógono

Porciano




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