Em Jerry Maguire – A Grande Virada (1996), de Cameron Crowe, um ator negro e desconhecido rouba a cena de Tom Cruise cada vez que diz a frase “Show me the money!” (mostre-me o dinheiro). Era Cuba Gooding Jr. que, no filme, faz um jogador de futebol norte-americano temperamental – Cruise era um agente em crise tentando convencê-lo a trabalharem juntos. Pelo papel, Gooding Jr. levou o Oscar de ator coadjuvante, o que lhe rendeu dezenas de convites para outras produções.

Às vezes, no entanto, o Oscar tem um peso maior do que um ator iniciante pode suportar. Um caso clássico é o da atriz Marisa Tomei que, ainda jovem, levou a estatueta de coadjuvante por Meu Primo Vinny (1992). Sua carreira nunca deslanchou. Gooding Jr. seguiu a mesma curva descendente. Tentou papéis em dramas (Homens de Honra e Pearl Harbor), policiais (Advogado dos Cinco Crimes e Suando Frio), comédias (Tá Todo Mundo Louco e Zoolander) e, até, infantil (Neve pra Cachorro). Nada emplacou.

O ator está agora em cartaz num filme intitulado Cruzeiro das Loucas, que estreou na última sexta-feira. É uma comédia sessão da tarde e seu personagem tem a profundidade de um pires. Jerry acabou de romper com a noiva e seu melhor amigo, Nick (Horatio Sanz), o convence a embarcar num cruzeiro para solteiros. Roubada total, já que eles acabam em um navio repleto de gays – e um deles, Lloyd (Roger Moore, da série 007), se encanta por Nick.

A coisa melhora para o lado dele quando a professora de dança Gabriela (Roselyn Sanchez) passa a lhe dar bola. E quando o navio resgata 15 membros da Equipe Sueca de Biquíni em alto-mar. É a velha mistura de paraíso, sexo e piadas grotescas que rendeu inúmeros roteiros ruins nos anos 80. E que hoje sustenta atores decadentes como Gooding Jr.