Diante da incessante defesa de medidas de combate à guerra cambial, o que indiretamente retira do BC (Banco Central) poder para realizar livremente política monetária, a manutenção do economista Guido Mantega à frente do Ministério da Fazenda passa a ser uma novidade econômica no Brasil.

A avaliação é do economista da Gradual Investimentos André Perfeito, para quem, diante da fixação do ministro da Fazenda com a guerra cambial, o regime de câmbio no Brasil está caminhando para deixar de ser flutuante.

"Mantega pode ser a continuidade, mas traz novidade no que diz respeito ao câmbio", reitera o economista, para quem comprar dólares é também uma forma de ampliar os gastos públicos.

Para Perfeito, mesmo que o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, seja mantido à frente da instituição, o que significará que a presidente eleita, Dilma Rousseff, aceita as condições impostas por ele, de que a autoridade monetária precisa da autonomia operacional para agir, o mercado ficará sempre com um pé atrás.

Isso porque, de acordo com o economista, agora o mercado vai assumir que a autonomia do BC está concentrada sobre uma única pessoa. "Se o Meirelles sofrer uma dor de dente, por exemplo, e ter que sair do BC o mercado vai se estressar porque vai lembrar que a autonomia do BC está concentrada sobre um só homem", avalia Perfeito.

Na avaliação do economista da Gradual Investimentos, a presidente eleita está perdendo a oportunidade de encaminhar o processo melhor ou próximo do que fez o presidente Lula.

"A permanência de Mantega é interessante, mas ela deveria ser acompanhada de outras medidas que indiquem que o BC continuará gozando da sua autonomia operacional", explica Perfeito.