Cultura & Lazer Titulo
Carros elétricos recebem sinal verde
Jayme Buarque de Hollanda
27/09/2010 | 07:52
Compartilhar notícia


Pode ser difícil de acreditar, mas carros elétricos já disputaram mercado de igual para igual com os modelos convencionais. Isso foi há cerca de 100 anos, quando os automóveis foram inventados, e parte deles era movida... a vapor.

Um século depois, esse tipo de carro volta a despertar a atenção da indústria e dos consumidores, por serem ecologicamente corretos e mais de acordo com os padrões racionais de consumo de energia.

De quebra, quando parados na garagem, podem servir não só para estabilizar a rede elétrica, mas também como fonte de suprimento no caso de falta de energia. Estimativas indicam que, daqui a 10 anos, até 50% dos novos carros nos Estados Unidos serão elétricos.

Os motores de combustão interna, inventados do final do século 19, têm concepção mecânica complexa, com centenas de partes móveis, e só convertem em energia mecânica pequena fração da energia do combustível, entre outras limitações.

A partir de meados do século passado, com a percepção de que a poluição urbana era resultado, em grande parte, das emissões dos motores de combustão interna, foram criadas políticas públicas, cada vez mais restritivas, para limitá-las.

Custos tendem a apresentar redução
No início da década de 1990, com os preços do petróleo baixos, governos buscavam soluções mais efetivas para reduzir as emissões veiculares, acrescentando, às preocupações com a poluição local, questões globais da mudança do clima. Ao lado de desincentivos de diversas naturezas - como os rodízios de placas em São Paulo (SP) -, foram criados em alguns países incentivos que ensejaram a volta dos carros elétricos.

As montadoras lançaram, então, nova geração de carros elétricos a bateria, usando versões modernas desse equipamento. Foram fabricados uns 5.000 carros dessa nova geração, mas a produção foi descontinuada no começo deste século. Para os fabricantes, a autonomia (menor que 200 quilômetros) e tempo de carga elevado (de seis a oito horas) continuavam a não atender o mercado. Mas ficou claro que o acionamento elétrico apontava na direção correta e abria caminho para outros desenvolvimentos.

Bem avaliado pelo conforto e baixo nível de ruído, o carro elétrico a bateria se destaca pela elevada eficiência que decorre da combinação de fatores como a conversão de mais de 90% da energia mecânica em elétrica e o fato de o carro elétrico não consumir energia quando parado no trânsito.

Para percorrer 100 quilômetros, um carro elétrico a bateria gasta cerca de 15 kWh a um custo de R$ 6,75 (tarifa residencial de eletricidade com impostos). Para percorrer a mesma distância, um carro a gasolina com consumo de 12 quilômetros por litro gastaria cerca de R$ 24.

O carro elétrico híbrido, que alia as boas características dos motores de combustão interna com as dos motores elétricos, tem vantagem extra: por uma série de fatores, sua redução do consumo de combustível chega a 50% quando comparado a um carro convencional.

Já foi ultrapassado o período em que o acionamento elétrico era novidade pouco testada, usando componentes novos. Agora, seja pelas inovações, seja pelo crescimento das escalas de produção, os custos dos componentes do acionamento elétrico tendem a se reduzir.

Em síntese: os carros elétricos, hoje com preços 20% a 50% superiores aos equivalentes convencionais, tenderão a ter seus preços reduzidos. E, à medida que isso ocorrer, como já têm a vantagem de serem mais econômicos, podem se tornar novo paradigma de acionamento.

Tecnologia híbrida permite usar motores a etanol
Neste século, a tecnologia de acionamento veicular vai ter de evoluir para uma mais bem adaptada à convivência com o planeta. Assim, maior eficiência energética e menos emissões veiculares serão características fundamentais.

Essa constatação seria a base para muitas conclusões que fogem do escopo deste artigo, mas quero encerrar com duas reflexões.

Em primeiro lugar, é preocupante o fato de que fatalmente vários modelos de carros convencionais tradicionais irão se tornar rapidamente obsoletos, e o Brasil será mercado muito propício para vender veículos com tecnologias que estão morrendo no resto do mundo.

Outra observação: o acionamento elétrico não se contrapõe ao uso do etanol, que seria a solução brasileira para os problemas ambientais. O novo acionamento certamente irá empregar esse tipo de combustível para ligar os carros elétricos híbridos e produzir os carros mais ‘verdes' do mundo.

E, finalmente, a tecnologia híbrida, como emprega motores de combustão interna menores, permite usar motores a etanol, hoje utilizados apenas em carros leves, em ônibus e caminhões, tornando possível substituir o diesel pelo álcool nos veículos pesados.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;