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Chuva atrapalha desfiles em São Bernardo
Soraia Abreu Pedrozo
Tiago Dantas
17/02/2010 | 07:05
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A chuva que caiu no início da noite de anteontem atrapalhou parte dos desfiles do Grupo 1 de São Bernardo. No entanto, não tirou o ânimo dos cerca de 50 mil foliões que acompanharam a festa, segundo a Prefeitura. Por conta de enchente na Avenida Piraporinha, dois carros alegóricos da Unidos da Vila Rosa, primeira a entrar na passarela, não chegaram a tempo ao sambódromo montado na Avenida Aldino Pinotti. O mesmo problema provocou atraso de integrantes da Rosas Negras, segunda escola a desfilar.

Junto com os passistas ilhados, estavam as fantasias da comissão de frente da agremiação. Os dançarinos da ala chegaram a entrar na avenida sem os adereços. Cinco minutos depois, foram retirados pela diretoria da escola. Diante do incidente, a presidente Contche Amaral, decidiu improvisar: "Descemos as seis rainhas de um dos carros alegóricos e as colocamos para abrir o desfile. No lugar, subimos outras seis passistas."

Enquanto a agremiação passava pelo sambódromo, as fantasias da comissão de frente chegaram, e o grupo acabou fechando o desfile da Rosas Negras. As paradinhas da bateria do Mestre Fumaça marcaram a apresentação, cujo enredo falava sobre a África. A falta de integrantes nas duas primeiras escolas pode representar perda de pontos.

"Estávamos saindo de casa, em Jordanópolis, quando o céu desabou. Achei que não chegaríamos a tempo. Mas fiquei monitorando via rádio o tempo dos desfiles e, quando soube do atraso (no desfile), fiquei aliviado", contou o presidente da Mocidade Alegre de São Leopoldo, Américo Morales, o Tico.

Com um samba sobre a fé, a São Leopoldo precisou diminuir o ritmo do desfile no trecho final da avenida para não terminar mais rápido do que as concorrentes. "Viemos para ser tri (a escola saiu vitoriosa em 2008 e 2009), mas acho que, por conta da ansiedade, passamos um pouco rápido", disse Tico.

Apesar do favoritismo da São Leopoldo, a Acadêmicos da Vila Vivaldi mostrou força ao levantar a arquibancada com o enredo Cores, Flores, Amores e Sabores. A escola foi a que levou o maior número de carros alegóricos (6) e de alas (15) ao sambódromo.

As alegorias chamaram a atenção por serem articuladas. No abre-alas, um cavalo alado mexia a cabeça. No segundo carro, era um tigre, símbolo da agremiação, quem se movia.

A Estação Primeira de Baeta Neves escolheu falar do forró e, horas antes de entrar na avenida, precisou refazer parte do carro abre-alas, que trazia um boi gigante, por causa de um incêndio.

O público do sambódromo se animou com a penúltima escola da noite, a Renascente de São Bernardo. O tema Periferia - História de Todos tinha carros que representavam moradias populares e passistas que jogavam capoeira e faziam acrobacias.

Já com a plateia reduzida, a União das Vilas fechou o Carnaval de São Bernardo com enredo sobre a esperança.

'Sorriso' samba com a vassoura na passarela

O gari José Guilherme Caetano, 51 anos, foi atração à parte no Carnaval de São Bernardo. Além de sambar enquanto limpava a passarela após a passagem de cada uma das sete escolas do Grupo 1, Caetano fez parte do desfile da Renascente de São Bernardo.

"Não teve jeito. Eles chamaram, e eu fui", disse o sorridente gari, que sambou à frente da bateria da agremiação, cuja fantasia laranja homenageava os varredores de rua.

Enquanto dava seus passos no sambódromo, Caetano era aplaudido pelo público e chamado de Sorriso, alusão ao gari carioca Renato Sorriso, que, desde 1997, alegra as apresentações da Marques de Sapucaí fazendo coreografias com a vassoura. Apesar da semelhança física, Caetano nega que o apelido tenha pegado. "Não me colocaram nenhum apelido ainda. Só me chamam de Caetano, mesmo."

Pai de quatro filhos e atualmente no terceiro casamento, Caetano trabalha há 22 anos como gari em São Bernardo. Nos últimos 15, foi escalado para limpar o sambódromo

com outros cinco colegas. "A chefia liberou porque eu sei sambar", explicou. A paixão pelo Carnaval já levou o Sorriso de São Bernardo para os desfiles da Unidos da Rocinha, no Rio de Janeiro, e da Barroca Zona Sul, de São Paulo.

"A dança é a melhor forma de se expressar, de dizer o que sente", disse o gari, que fez, por um ano, aulas de jazz e balé. "Comecei a estudar dança com 18 anos, mas tinha que continuar na escola, e eu tinha parado na 8ª série. Tive que começar a trabalhar para ajudar meu pai, que estava doente. Daí larguei o curso de dança", lembrou o passista, que garante que a dança está no sangue.

Após o Carnaval, o Sorriso de São Bernardo pode ser visto trabalhando nas ruas do bairro Baeta Neves. Talvez ele não esteja sambando enquanto deixa as ruas da cidade mais limpas, mas certamente estará exibindo sua simpatia e bom humor para todos.

Thobias da Vai-Vai aprova Carnaval conjunto

A proposta de realizar a integração dos desfiles de Carnaval do Grande ABC agrada Edimar Thobias da Silva, presidente da Vai-Vai. Convidado para comentar a transmissão do Carnaval de São Bernardo, Thobias da Vai-Vai acredita que a proposta traz benefícios.

DIÁRIO - O que o senhor acha da proposta de se fazer um Carnaval só para todo o Grande ABC?
THOBIAS - Seria ótimo. Acho que, juntas, as escolas poderiam conseguir mais verba, de repente até junto a empresas, e não só com as prefeituras. É uma boa ideia.

DIÁRIO - Daria mais visibilidade?
THOBIAS - Sim, pois poderia contribuir para melhorar a infraestrutura dos desfiles. É como aquele ditado antigo: ‘A união faz a força.'

DIÁRIO - O que o senhor achou dos desfiles de São Bernardo?
THOBIAS - Gostei muito. A gente fica feliz de ver que o samba vai ganhando cada vez mais espaço e que está se espalhando por todos os lados.




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