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Glória Perez vai recorrer contra decisao que ajudou Pádua
Do Diário do Grande ABC
15/10/1999 | 19:08
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Depois de quase sete anos de luta por justiça, a novelista Glória Perez nao pretende desistir, mesmo após a concessao de liberdade condicional ao assassino de sua filha, o ex-ator Guilherme de Pádua. Glória vai entrar, através de seu advogado, com um recurso para tentar reverter a decisao do juiz Cezar Augusto Rodrigues Costa, da Vara de Execuçoes Penais, que concedeu o benefício para Pádua. Em entrevista, a novelista demonstrou sua revolta e tristeza.

Pergunta - Como a senhora se sente vendo Guilherme de Pádua solto?

Glória - Voltou todo o sofrimento da noite em que fui buscar minha única filha morta, apunhalada e desovada num matagal. E também a dor dos anos de luta, de exposiçao pública, da espera pelo julgamento. O peso de tudo isso caiu sobre mim; foram sete anos num segundo.

Pergunta - A senhora acha que este caso estimula a impunidade?

Glória - É mais um criminoso na rua, mais uma vez em que a Justiça é falha. É claro que isso é um incentivo para que outras pessoas cometam crimes, já que elas sabem que nao ficarao presas por muito tempo. Isso nao pode ser assim, a vida da minha filha nao vale só isso.

Pergunta - A senhora pretende procurar alguma autoridade para ajudá-la a reverter a situaçao?

Glória - Tenho que viver conforme as leis do país onde vivo. Vou recorrer e esperar a decisao judicial. Libertando um assassino, a Justiça demonstra nao estar preocupada com isso, entao só resta esperar que Deus impeça outros pais de viver a dor que eu e minha família vivemos.

Pergunta - Em suas novelas sempre há destaque a campanhas sociais, a exemplo da luta das maes de filhos desaparecidos. A senhora pretende incluir o tema da impunidade em seus próximos trabalhos?

Glória - Em "Pecado Capital" criei o personagem Tenorinho, feito por Eri Johnson, que ajudava as pessoas que se sentiam injustiçadas e elas reclamavam em frente às câmeras. Já foi uma mostra de luta contra a impunidade. Guilherme de Pádua viveu sete anos de mordomia na cadeia e agora está solto. Meu único conforto é saber que as pessoas na rua vao lhe virar as costas, vao ter medo dele e esconder seus filhos, lembrando que ali vai um covarde que foi capaz de emboscar, espancar e apunhalar uma menina indefesa e depois ir consolar a família numa delegacia.




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