Saldo das urnas no dia 2 registrou que o Psol e a Rede Sustentabilidade patinaram no processo eleitoral do Grande ABC – cada partido encabeçou chapa em quatro cidades. Apesar do aumento de votos de prefeituráveis, candidatos do Psol, por exemplo, ficaram longe do protagonismo. Em Santo André, o ex-vereador Ricardo Alvarez alcançou a melhor captação proporcional, com 3,33% dos votos (11.099). Neste mesmo contexto, postulantes da Rede, sigla criada pela ex-senadora Marina Silva, tiveram desempenho ofuscado no primeiro ano de participação em disputa majoritária. O parlamentar Rogério Santana liderou a lista regional, com 3,51% dos votos (6.432).

Ambos não fizeram representação nas Câmaras. O Psol lançou projetos solo em território andreense, São Bernardo (o ex-vereador Aldo Santos obteve 6.972 votos), Diadema (José Cruz, com módicos 992 sufrágios) e Mauá (Rejane de Moura convenceu 4.052 eleitores). O partido buscava surfar em onda de Luiza Erundina, ex-prefeita da Capital, que aparecia bem em pesquisas de intenções de voto, mas que desidratou na reta final (foram 3,18%, com 184 mil votos). Por outro lado, além de solo mauaense, a Rede apresentou nomes em São Caetano (Sara Jane Zanetti levantou 615 sufrágios), Diadema (Virgílio de Farias, 834 votos) e Ribeirão Pires (Rosana Figueiredo assegurou 443 sufrágios).

Com 11 anos de fundação, o Psol ainda enfrenta resistência para concretizar evolução eleitoral. Na região, não repetiu resultados importantes conquistados em outros municípios pelo País, como no Rio de Janeiro, com Marcelo Freixo, e em Belém (Pará), com Edmilson Rodrigues, ambos no segundo turno. A Rede esbarrou como debutante, sem conseguir reproduzir votações de Marina Silva nas duas empreitadas presidenciais – 2010 e 2014, com 19% e 21%, respectivamente. Em contrapartida, em Macapá (Amapá), o prefeito Clécio Luís, eleito pelo Psol em 2012, migrou para a Rede e está na etapa final – até agora, a sigla conquistou cinco prefeituras no Brasil.

Apesar da derrota, Alvarez considerou que o resultado pode ser visto com bons olhos em Santo André. “Crescemos mais para prefeito e vereador. Vislumbramos futuro interessante para daqui quatro anos. Numericamente, nós tivemos um de cada seis votos do PT (com a candidatura do prefeito Carlos Grana, que recebeu 67.628 sufrágios). Tudo isso com muito menos recursos na campanha.” Em 2012, com Marcelo Reina, o Psol captou 4.364 votos. “Entre mortos e feridos, a avaliação é positiva, principalmente se contabilizarmos a existência de onda conservadora, além de ter certeza que a questão de voto útil acabou nos prejudicando. Com mais força (eleitoral) esse fenômeno vai perdendo a intensidade. Vamos tendo maior musculatura”, pontuou.

Pela terceira vez candidato em São Bernardo, Aldo admitiu que o saldo ficou “bem aquém do que era planejado”, mas ponderou que houve crescimento do ponto de vista de votos. “Tivemos aumento de 93% em relação a 2012 (quando alcançou 3.596 sufrágios). Existe vitória política, só que não eleitoral. O nosso desafio é alinhar as duas coisas”, afirmou. “Apesar do desgaste do PT, aqui ainda é o berço do lulismo. É luta desigual.”

Virgílio frisou também a diferença de recursos aplicados na empreitada dos adversários. O nome da Rede falou que foi “literalmente engolido pelo tamanho das outras campanhas”. “O nosso grupo tinha 11 pessoas. A campanha não aparecia, fica complicado. A votação foi muito mais conquistada na internet do que nas ruas”. Candidata de São Caetano, Sara evitou fazer balanço do pleito. Falou que apenas faria por e-mail. Postulante a vereador na cidade, Thiago Cavallini foi mais votado que a própria prefeiturável da sigla, com 1.139 votos. “Fizemos campanha independente. A performance teria sido melhor se tivéssemos coligação mais ampla. Acredito que foi um pouco aventureira, atrás mesmo do PT, a qualquer custo, frágil, comprometendo eleição a vereador.”