O funeral do mímico Marcel Marceau, que faleceu no sábado aos 84 anos, foi realizado nesta quarta-feira no cemitério parisiense Pere Lachaise, na presença de cerca de 300 pessoas.

Próximo ao caixão coberto com uma bandeira francesa, sobre uma pequena mesa, estava a cartola com uma flor vermelha, símbolo do personagem "Bip", o famoso Pierrô moderno criado por ele em 1947. O ex-grande rabino da França René-Samuel Sirat foi o responsável pelas orações em hebraico e em francês.

Marcel Marceau, nascido no dia 22 de março de 1923 em Estrasburgo (leste da França), filho de um açougueiro que morreu deportado no campo de concentração nazista de Auschwitz, havia entrado para a Resistência francesa em 1944.

"As pessoas que saíam dos campos de concentração não conseguiam falar, não sabiam como contar. Eu me chamo Mangel e minha origem é judaica. Talvez isso tenha influenciado inconscientemente minha escolha pelo silêncio", disse em uma entrevista ao jornal francês “Le Monde”, em 1997.

Admirado como herdeiro de Charlie Chaplin e de Buster Keaton nos Estados Unidos, venerado no Japão, e também na América Latina e na Rússia, o inventor da marcha contra o vento de uma certa maneira inspirou o estilo de dança "Moonwalker", de Michael Jackson, e influenciou o bailarino russo Rudolf Nureyev.

De aparência frágil, mas com grande vivacidade, Marceau foi o artífice do renascimento, após a Segunda Guerra Mundial, da arte da pantomímica, que havia sido obscurecida pelo cinema mudo de Chaplin, Keaton e de Laurel e Hardy (o Gordo e o Magro).

Em 2005, aos 82 anos, Marceau fez uma turnê de despedida pela América Latina, que o levou a Brasil, Cuba, Colômbia e Chile.