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Crack supera outras drogas na região
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
20/09/2011 | 07:30
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O crack é a droga ilícita mais consumida no Grande ABC. A conclusão está em estudo feito pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa e obtido pelo Diário. O levantamento dimensionou a presença dos entorpecentes no Estado e será apresentado hoje.

A pesquisa foi organizada a partir de levantamentos junto às prefeituras, que responderam, entre junho e agosto, a questionário enviado pelos deputados estaduais. Dos 645 municípios paulistas, 325 participaram - representando 76% da população de São Paulo. As sete cidades do Grande ABC forneceram informações.

Na região, o crack foi lembrado em 14% das citações, enquanto o álcool recebeu citações da ordem de 86%. Juntas, cocaína, maconha e drogas sintéticas, estimulantes como a anfetamina e o ecstasy, não atingiram nem 1% de citações, segundo a compilação realizada pela frente parlamentar.

O estudo apontou que o dependente químico encontra no Grande ABC atendimento médico pelo Sistema Único de Saúde. Existem leitos destinados exclusivamente a tratamento de usuários em unidades públicas de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá.

Pessoas com idade entre 16 e 35 anos são as maiores consumidoras de drogas nas sete cidades, representando 87,5% do total. Na separação por faixas etárias, lidera a parcela que tem de 26 a 30 anos (38%), seguida pela população de 31 a 35 anos (25%). Grupos de homens e mulheres de 16 a 20 anos, 21 a 25 anos e mais de 35 anos têm 13% de participação cada.

O levantamento da frente parlamentar mostrou, ainda, que 43% dos municípios da região informaram que mais da metade dos usuários volta a consumir drogas depois de atendidos. Em 14% da região, o índice de reincidência é maior que 91%.

Em sua maioria (86%), as prefeituras do Grande ABC realizam acolhimento e acompanhamento do dependente químico em equipamentos públicos, sem destinar recursos para instituições e entidades comunitárias que também organizam esse trabalho. Apenas Ribeirão Pires informou fazer repasses.

Quase todo montante empregado pelas sete cidades para frear o consumo de entorpecentes vem dos cofres municipais. Segundo o estudo, nenhuma cidade da região informou receber verbas do governo do Estado para aplicar no enfrentamento ao crack e outras drogas.

Mais participativo, o governo federal envia dinheiro para 43% do Grande ABC investir no combate às drogas, ainda de acordo com o que responderam as prefeituras. Mesmo assim, mais da metade não recebe nada da União.

 

Mais verbas e centro de referência podem conter o avanço 

Aumentar o repasse de verbas para atendimento de dependentes e espalhar centros de referência para acolhimento e tratamento dos usuários são duas das políticas que podem ser adotadas para conter o avanço das drogas em São Paulo.

Segundo o deputado Donisete Braga, na primeira semana de outubro, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), lançará o plano nacional de enfrentamento ao crack. Na semana seguinte, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é esperado na Assembleia Legislativa.

A expectativa, contou o coordenador da frente parlamentar, é de que o ministro anuncie mais repasses da União para atendimento dos usuários, elevando o valor da diária de R$ 57 para R$ 200.

O reconhecimento das comunidades terapêuticas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária também auxiliará o tratamento. Segundo o deputado, esses grupos, muitas vezes administrados por igrejas e associações, podem agora também receber verbas públicas para continuar assistindo aos usuários. 

CRACOLÂNDIA
Símbolo do poder que a droga tem para espalhar a degradação social e pública, a Cracolândia, no centro da Capital, onde o crack pode ser comprado por apenas R$ 2, não é só exemplo de problema, como também de solução.

O Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas, que funciona na região e realiza atendimento gratuito, poderia ser espalhado por outras partes do Estado, segundo o deputado.

"O Grande ABC poderia receber o Cratod, aproveitando que temos dois hospitais estaduais para agregar o serviço. Além disso, é preciso intensificar a ação das polícias nos locais onde existe consumo e tráfico de drogas. Afinal, também temos as nossas próprias cracolândias."

 

Aumento de consumo leva a mapeamento 

A Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa começou a ser criada em março com a intenção de discutir o tema e encontrar formas de proporcionar aos municípios melhores instrumentos para conter o avanço das drogas.

"O que nos motivou a fazer esse estudo foi a rápida proliferação do crack no Brasil e em São Paulo, e também a informação de que o governo do Estado não tem mapeamento detalhado", afirmou o coordenador do grupo, deputado Donisete Braga (PT-Mauá).

Os dados reunidos na pesquisa foram colhidos diretamente com as prefeituras, convidadas pelos deputados a responder enquete com dez perguntas sobre o assunto.

Entre outras questões, os parlamentares quiseram saber quais são as drogas mais presentes no município, a idade dos dependentes e se a administração recebe ajuda financeira dos governos estadual e federal.

Ainda de acordo com o deputado, a frente parlamentar irá lançar portal para acompanhar o resultado do trabalho das cidades paulistas no combate às drogas.

"Falta integração entre os municípios e o governo do Estado e União para darmos melhor tratamento aos dependentes químicos. É uma questão de Saúde pública, de se criar políticas eficientes de orientação e prevenção."




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