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Mestre Aldemir Martins comemora 80 anos
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
09/03/2002 | 16:45
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O artista plástico cearense Aldemir Martins, um dos mais importantes em atividade no país, chegou em seu espaçoso ateliê no Sumarezinho, em São Paulo, por volta de 12h de um dia ensolarado de fevereiro. Sua primeira ação foi sentar e mexer nas tintas, até achar a preta que queria. Espalhou um pouco dela em um canto da colorida mesa, caçou o pincel mais adequado e deu início ao trabalho que desenvolve com talento há décadas: pintar. Na ocasião, dedicou-se a uma tela em que retrata um pássaro. O pintor parecia ter passado a noite sonhando com a composição. No dia 8 de novembro deste ano Aldemir completará seu 80º aniversário. E, para celebrar de forma justa a data, uma série de eventos que envolve sua vida e obra já começou a ser definida.

Enquanto pintava, o artista, que também é um excelente desenhista, falou ao Diário. Respondia às perguntas e produzia. Questionado se a conversa não o atrapalhava e se, depois, ele poderia levantar para ser fotografado junto de sua pintura concluída mais recente, respondeu: “Faz muito tempo que pinto todo dia. Sou um trabalhador nato, chego a ser compulsivo. Afinal, não sei fazer outra coisa. Podem até pensar que me atrapalham com o papo, mas não. E deixa só eu acabar com essa preta aqui que já levanto para a fotografia”.

À beira dos 80 anos, causa até surpresa a firmeza do punho de Aldemir ao pintar. Sua mão pousa sobre a tela como uma rocha e move-se cuidadosa e harmonicamente, como em um balé. “A mão já foi mais firme. A idade pesa fisicamente na gente. Hoje, até me canso mais ao criar”, diz.

Além dos materiais de trabalho, o espaço do organizado ateliê é tomado por um sem-número de esculturas e suvenires que representam sobretudo figuras humanas e animais – assuntos prediletos entre suas temáticas. “Vejo minha pintura como celebração à vida, por isso me envolvo mais a fundo com determinados temas”, afirma o pintor.

Em baixo volume, uma suave canção domina o ateliê. “A música é minha companheira, sempre pinto com ela, pois ajuda a limpar minha mente”, diz Aldemir, que mantém alguns laços com o Grande ABC.

História – No Colégio Militar de Fortaleza, onde chegou aos 11 anos e permaneceu cinco, Aldemir foi monitor de desenho de sua classe. De 1940 a 1945 esteve no Exército e chegou a cabo-pintor.

Depois, trocou o Ceará pelo Rio, mas ficou pouco tempo na “cidade maravilhosa”. Em 1946 fixou-se em São Paulo, onde vive e trabalha até hoje.

Inúmeras exposições, individuais e coletivas, no Brasil e exterior, figuram em seu currículo. Isso sem falar das muitas premiações que recebeu. Como exemplo, o Prêmio Internacional de Desenho da Bienal de Veneza, de 1956. “Fui o primeiro artista sul-americano a conquistar esse prêmio. É como ganhar o Oscar”, afirma Aldemir.




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