De acordo com o coronel da reserva José Vicente da Silva, pesquisador do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, a pesquisa - iniciada neste mês - deverá durar 18 meses. O custo nao foi divulgado. O primeiro diagnóstico da situaçao é esperado para o fim do ano. De posse dos dados, os pesquisadores passarao a desenvolver propostas, em conjunto com autoridades municipais e policiais, sobre as diversas maneiras de enfrentar a situaçao.

A liderança de Diadema no número de homicídios vem desde 1996, quando foram registrados 238 crimes, ou 9,21 por cada grupo de 10 mil habitantes/ano. Em 1999, a cidade registrou 374 mortes, o que representa o índice de 11,21 assassinatos. Essa liderança negativa, no entanto, pode estar sendo superada pela queda na ocorrência desse tipo de crime nos primeiros meses de 2000.

Raio X - Nos próximos meses, todos os homicídios dolosos registrados na cidade passarao por um verdadeiro raio X. Os pesquisadores devem ir além dos dados registrados em boletim de ocorrência. Em todos os casos, vao buscar depoimentos das eventuais testemunhas, amigos e dos familiares das vítimas e dos autores dos crimes.

Segundo José Vicente, que atuou como coordenador de Polícia no primeiro governo de Mário Covas, o grupo pretende trabalhar todo o tempo ligado à comunidade de Diadema. "Estamos fazendo contatos com a Prefeitura, com as polícias e com entidades comunitárias que têm atuaçao na área. A soluçao de um problema como a violência nao é possível sem essa açao conjunta".

Embora os pesquisadores tenham relatórios sobre experiências realizadas no mundo inteiro para combater a violência, José Vicente disse que nao pretende trazer nada pronto para Diadema. "Precisamos primeiro saber com profundidade o porquê dos homicídios, o nexo entre eles, para estabelecer causas comuns e, só depois, sugerir medidas."

Violência - Diadema foi escolhida como laboratório dos pesquisadores porque lidera o ranking das cidades com o maior número de homicídios do país em quaisquer das pesquisas sobre o assunto. Mas esse nao é o único motivo. Segundo José Vicente, pesou favoravelmente ao município o fato de contar com uma populaçao organizada, com senso de comunidade, e um poder público com fortes investimentos sociais.

Outro fator que favoreceu a escolha da cidade foi o fato de ela estar cercada de áreas com altos índices de criminalidade, como a zona Sul da capital e de Sao Bernardo, além de ser cortada por uma via rápida - a rodovia dos Imigrantes - que liga os dois maiores centros industriais do país: Baixada Santista e Sao Paulo.

De acordo com José Vicente, o alto número de homicídios da cidade - situaçao considerada "inaceitável" e objeto do estudo - nao é o melhor indicador sobre a violência da cidade. "Outras cidades, com menos assassinatos, podem apresentar mais riscos aos cidadaos do que Diadema pelo conjunto dos crimes", explicou.