Sâmia mostrou a cara já naquele ano, reforçando o coro contra o aumento da passagem de ônibus. Holiday e Janaina surgiram dois anos depois para pedir o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Em comum, os três têm a juventude e o discurso da renovação. Aos 20 anos, Holiday será o vereador mais jovem da Casa e, provavelmente, o mais polêmico. Negro e homossexual assumido, declara-se contra as cotas raciais nas universidades e não fez nenhuma questão de levantar a bandeira LGBT. "Alguns me consideram um traidor da causa, mas defendo o que penso e proponho o debate, não o senso comum e a cultura da vitimização. Há estudos que mostram que as cotas aumentam a segregação", afirma.
Eleito com 48 mil votos, Holiday é um fenômeno das redes sociais. Dirigente do Movimento Brasil Livre (MBL), que organizou parte das manifestações anti-Dilma na Avenida Paulista, o ativista deixa bem claro de que lado ficará quando assumir sua cadeira na Câmara. "Certamente não será o lado do PSOL, partido que apoia ditaduras e bandidos, como os black blocs."
Filiado ao DEM, aliado do prefeito eleito João Doria (PSDB), Holiday vai compor a base de sustentação do governo a partir de 2017. Mas o novo parlamentar rejeita o rótulo de representante da extrema direita. "Eu apoio o casamento gay. Sou liberal."
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Reunidos na Câmara a pedido do jornal O Estado de S. Paulo, Holiday e Sâmia posaram na segunda-feira, 3, para a primeira foto no futuro local de trabalho. Acompanhados de Janaina Lima, a dupla manteve a cordialidade. "Nossos embates serão apenas políticos", antecipa Holiday.
Sâmia levará ao Legislativo a bagagem acumulada em sua luta diária contra o machismo e a cultura do estupro. Após participar dos protestos organizados pelo Movimento Passe Livre (MPL), a paulistana de 27 anos assumiu a bandeira feminista e promete agora lutar pelo desenvolvimento de uma política municipal que acolha a vítima da violência doméstica.
"Meu projeto será aprovar na Câmara a criação de um fundo municipal de combate à violência contra a mulher. Temos de aprimorar as políticas existentes hoje nessa área, mas sei que, para isso, terei de promover um enfrentamento político e ideológico com os demais vereadores", diz.
Apesar da pouca idade, Sâmia tem o discurso afinado nesse sentido, resultado de sua participação em outros movimentos populares, como a Primavera Feminista, que tomou as ruas contra o governo Michel Temer e pela cassação do agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Formada em Letras pela USP, Sâmia afirma ter se surpreendido com o resultado das eleições. "Foi inesperado, reconheço, mas devo isso ao crescimento do PSOL e à busca das pessoas por uma outra alternativa de esquerda", afirma.
Tanto Sâmia como Holiday terão colegas de partido para os ajudarem a partir de 1.º de janeiro. O vereador Milton Leite (DEM) é um dos mais experientes. Com 107,9 mil votos alcançados no domingo, 2, foi o segundo mais votado deste ano, perdendo apenas para o campeão histórico, Eduardo Suplicy (PT), que somou 301 mil.
Com 16 mil votos, o vereador Toninho Vespoli (PSOL) teve votação menos expressiva, mas significativa se comparada à de 2012, quando somou apenas 8 mil. Ano que vem, Vespoli e Sâmia serão oposição a Doria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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