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No Ibirapuera, Pokémon vence qualquer político
03/10/2016 | 07:11
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Domingo de sol, dia de eleição, adultos mais preocupados em encontrar um Pikachu do que em votar nas eleições municipais. Esse era o cenário no Parque do Ibirapuera, na frente do planetário, ao redor de quatro "pokestops" - pontos virtuais em que os jogadores de Pokémon Go adquirem pokebolas e outros itens do jogo. "Nenhum político me representa. Prefiro aproveitar a minha folga aqui. Não vou votar e pronto", disse Camila Alves, 32 anos, nutricionista.

Não à toa, as eleições em São Paulo tiveram uma abstenção de 1.940.454, equivalente a 21,84% do total de eleitores. Um acréscimo em relação às eleições de 2012, quando a abstenção foi de 1,5 milhão de votos (18,5%).

Ainda ao redor das pokestops, o comerciante Júlio Brás, de 24 anos, estava injuriado com a possibilidade de abandonar a caçada por pokémons e se dirigir até sua zona eleitoral. "Eu devia ter ido mais cedo para me livrar logo disso. Estou indeciso entre o branco e o nulo", brincou Brás. Aliás, "se livrar" foi um sentimento que muitos frequentadores do parque repetiam insistentemente. Não faltou quem lembrasse da Lava Jato, do impeachment e das polêmicas da eleição. "Pra prefeito, ok, eu até procuro informações, mas para vereador... Sem chance. Vou lá (na zona) só para me livrar da dor de cabeça. Com tanto escândalo, não tem cabimento querer votar", fala a cabeleireira Marlene Dias, de 51 anos.

"Acordei 6 da manhã, tomei café da manhã, li o jornal e fui votar. Cheguei lá, peguei uma fila de uns cinco minutos, esperei uma velhinha votar por mais três minutos e, quando chegou a minha vez, coloquei qualquer coisa. Demorei cinco segundos para cumprir uma obrigação sem sentido. Agora, já estou dando a minha corridinha e aproveitando o domingo", contou, detalhadamente, o empresário Lourival Henrique de Alencar, 48 anos.

Já a administradora Paula Hara, de 34 anos, trocou o voto pelo aniversário do filho. "Não me animei com nenhum candidato. Mais do que isso, hoje (domingo) é aniversário do meu filho. Resolvi me dedicar inteiramente a ele", contou. Rodrigo, de 8 anos, o aniversariante, agradeceu a mãe e possibilidade de passar o domingo caçando Pokémon.

Na Avenida Paulista, o clima entre pedestres, ciclistas e domingueiros era de indignação. A realização das eleições fez a Paulista ficar "aberta" para carros. "Eu não sabia, fui pega de surpresa. Poxa, qual era o problema de deixar a avenida do jeito que estava (fechada)? Acho que essa já é uma pista do que vai acontecer depois da eleição. Ou seja, a Paulista será dos carros novamente. Por essa, e por outras, que eu prefiro justificar do que votar", disse a analista financeira Tamy Castro, de 33 anos.

O publicitário Vitor Lourenço dias, de 40 anos, também estava preocupado com a situação da Paulista liberada para carros. "Minha filha insistiu a semana inteira, queria pedalar aqui. Com tantos carros, está perigoso. Depois dessa, vou votar com mau humor. Sei lá em quem..."

Também teve quem aproveitasse o domingo atípico para pegar um cinema. O casal de namorados Ana Luiza Freitas, de 27 anos, e Renato Contreira Silva, de 26, tiraram o dia para "colocar o cineminha em dia". "Nenhum político vale duas sessões de cinema", comentou Ana. Só quando sair da última sessão vou descobrir quem ganhou", completou Contreira.

Quem não votou

O eleitor que não votou nestas eleições e não justificou a ausência no mesmo dia do pleito tem prazo de 60 dias, após a data da votação, para apresentar justificativa ao juiz em qualquer cartório eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, quem não votou e não justificar a ausência ficará em débito com a Justiça Eleitoral, o que o impede de requerer passaporte ou carteira de identidade; receber salário de entidades públicas ou assistidas pelo governo; fazer parte de concorrência pública; solicitar empréstimos em qualquer banco ou estabelecimento de crédito subsidiado pelo governo; inscrever-se em concursos públicos ou tomar posse de cargos públicos; renovar matrícula em qualquer instituição de ensino pública ou fiscalizada pelo governo; requerer qualquer documento que necessite da quitação de eleitor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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