De olho no robusto eleitorado de 12,5 milhões de famílias - ou mais de 50 milhões de brasileiros - beneficiadas pelo Bolsa Família, os pré-candidatos à Presidência são só elogios ao programa.

Na semana passada, José Serra (PSDB) prometeu mais de uma vez manter e "reforçar" o benefício, "porque funcionou". Marina Silva (PV) garantiu avançar com o programa, que considera responsável por uma "quebra de paradigma" na área social. Dilma Rousseff

(PT) o coloca como o "melhor do mundo".

Nem governo nem oposição, porém, podem afirmar que o modelo de transferência de renda do Bolsa Família é de fato capaz de impedir que a pobreza passe de geração em geração. Isso só seria possível com o acompanhamento de um grupo de beneficiários por longo prazo, mas o estudo de impacto nunca foi feito. Em 2004, o governo federal chegou a levantar dados das 15,4 mil famílias escolhidas por amostragem, que teriam condições de vida reavaliadas a cada dois anos a partir de 2006 - não houve acompanhamento.

IRONIA - Dilma ironizou os elogios de Serra ao Bolsa Família. "Não quero polemizar com ele, mas acho interessante esse novo estilo da oposição, de tentar passar por aquilo que não foi nos últimos sete anos e meio."

Foi assim que reagiu a ex-ministra-chefe da Casa Civil ontem, em Porto Alegre, ao ser provocada pelos repórteres a comentar as sucessivas declarações do tucano, que promete manter e ampliar o programa de transferência de renda do governo Lula. "Se apoiam tanto o nosso governo, por que não apoiaram antes?"

A pestista seguiu com o tom irônico ao acusar o PSDB de menosprezar o programa. "Até ontem eram a oposição mais feroz, mais destrutiva, dizendo que o Bolsa Família era Bolsa Esmola".