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Quem tem medo do Lobão mau
Carlos Brickmann
06/02/2011 | 07:25
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Faltou eletricidade em oito Estados, três usinas hidrelétricas foram automaticamente desligadas, mas segundo ministro das Minas e Energia, Édison Lobão, não houve um apagão: apenas uma falha técnica. A presidente Dilma Rousseff, que foi ministra das Minas e Energia, mandou investigar os motivos do apagão. Tadinha: ela não deve ter ouvido a erudita explicação de seu ministro.

Dizem que foi uma cartela, componente eletrônico de proteção, que apresentou defeito. Mas, no duro, quem apresenta defeito é o comando político da geração e distribuição de energia no país, todo ele nas mãos do senador José Sarney e de seu circuito mais próximo de aliados - o que inclui o novo presidente de Furnas, escolhido quinta-feira, Flávio Decat. Talvez um ou outro até entenda de energia elétrica (o que, definitivamente, não é o caso do ministro Édison Lobão, que precisa de assessores para acender a luz), mas saber trocar sozinho uma lâmpada não é algo levado em conta na hora da nomeação.

Deve-se admitir, entretanto, que a equipe Sarney de eletricidade tem gosto pela simetria: já produziu apagões em 2007, 2009 e, agora, 2011. Só que, à medida em que o tempo passa, a situação vai-se complicando: já não dá para culpar a herança maldita de FHC (que, aliás, também teve seu apagão, atribuído a um raio que atingiu Bauru num dia quente, ensolarado e seco). E é cedo para culpar a herança maldita do governo Lula. Por isso, Lobão nega o apagão.

Faltou luz, mas por que não estavam todos dormindo, como ele?

 

EXPLICANDO A BRIGA

O coronel da aeronáutica Mohamed Ali Osman, tratado arbitrariamente há tempos pelo delegado Damásio Marinho - o que agrediu o advogado que se locomove em cadeira de rodas, na disputa por uma vaga de estacionamento destinado a deficientes - explica o motivo pelo qual decidiu entrar na briga e prestar depoimento em favor do advogado agredido:

"Não faço isso por vingança, mas para contribuir por um mundo melhor. Quando fui ilegalmente algemado e preso, um sujeito muito simples que estava na mesma cela que eu disse uma frase que não esqueço: ‘Se o senhor, que é autoridade, está sendo tratado assim, imagina eu que não sou ninguém'".

 

O MUNDINHO POLÍTICO

1 - Gim Argello, suplente de Joaquim Roriz (que renunciou para não ser cassado), foi mantido na liderança do PTB no Senado. Será também vice-líder do governo Dilma. Gim Argello responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal por apropriação indébita, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. E, a pedidos dos próprios colegas, deixou de ser o relator do Orçamento de 2011.

2 - Que faz um deputado não-reeleito? Depende: se for da turma, não lhe faltará emprego para defender um salário. José Genoíno, do PT paulista, está assumindo uma assessoria especial do Ministério da Defesa, ligada a Nelson Jobim.

3- Que faz um deputado federal eleito? Antes que Tiririca cumpra a promessa de nos contar este segredo, este colunista diz o que faz Sua Excelência, o deputado federal Romário, do PSB fluminense: durante as já raras sessões do Congresso, ele joga futevôlei no Rio, nas lindas praias da Barra da Tijuca. Romário esteve em Brasília, mas só para marcar presença. E voltou ao Rio em seguida, antes da primeira sessão do ano, para cumprir o inadiável compromisso à beira-mar.

4 - Geisy Arruda, a universitária que ficou célebre por usar vestido rosa curtinho, disse que pensa em entrar na política. Sua plataforma: "Eu defenderia todos os gays, o casamento gay, e faria tudo para ajudar as mulheres". Geisy disse também que já recebeu propostas formais de partidos para se candidatar. Mas não vai dar certo: ao contrário de Geisy, o político prefere não mostrar nada.

 

A IMUNDINHA POLÍTICA

Ser aliado de Sarney garante no mínimo um bom emprego no setor elétrico. Ser adversário de Sarney significa encontrar obstáculos em qualquer caminho. O então governador do Amapá, João Capiberibe, do PSB, eliminou por lá, em 1995, as tais aposentadorias para governadores. É dele, também, a autoria da Lei da Transparência, que obriga à divulgação das contas públicas, em tempo real, na Internet. Mas é adversário de Sarney. Resultado: sua eleição para o Senado, em 2010, não valeu (nem a de sua mulher, Janete, para deputada federal). Ambos foram acusados de comprar dois votos por R$ 26,00, pagos em duas prestações, mais dois lanches. Baratinho, baratinho. Ainda mais considerando-se que o fato não aconteceu: um dos autores da denúncia admitiu ter comprado testemunhas para prejudicá-los. Mesmo assim, ambos continuam fora do Congresso.




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