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Presos cavam túnel de 25 metros em Diadema
Mário César de Mauro
Do Diário do Grande ABC
16/10/2003 | 21:56
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Um túnel subterrâneo de aproximadamente 25 metros de extensão, que partia da cela 6 da Cadeia Pública de Diadema e atravessava o prédio anexo, onde funciona o 1º Distrito Policial da cidade, foi descoberto por carcereiros de plantão por volta das 4h desta quinta-feira. A escavação dos detentos, considerada a maior já feita no subsolo do local, tinha previsão de término para a madrugada desta sexta-feira e desembocaria no gramado em frente à delegacia. Esse foi o segundo túnel encontrado pelos policiais civis em duas semanas. No último dia 2, os mesmos presos promoveram um motim com quebra-quebra na unidade, depois que a polícia frustrou um plano de fuga por um túnel de 4 metros.

A situação na unidade é considerada caótica tanto pela direção da Cadeia Pública quanto pelo Ministério Público da cidade. O promotor de execuções criminais, Christiano Jorge Santos, afirmou nesta quinta-feira que vai agendar, por meio da Procuradoria Geral de Justiça, uma reunião com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, para a interdição da cadeia. Já existe no Tribunal de Justiça, em São Paulo, duas ações da mesma natureza, que ainda não foram analisadas.

“Precisamos do respaldo da Secretaria de Segurança Pública para a transferência dos presos. A situação está caótica na cadeia de Diadema”, afirmou Santos.

Na manhã desta quinta-feira, havia 346 detentos na Cadeia Pública de Diadema, quando a capacidade é para 60 pessoas. Os presos estão totalmente soltos na unidade, já que todas as grades das portas das celas, destruídas no quebra-quebra do último dia 2, ainda não foram recolocadas. “Hoje (quinta-feira) eles não fizeram motim, pois já não havia mais nada para quebrar”, disse o diretor da unidade, o delegado João Alves de Almeida.

Segundo o delegado, a situação de liberdade favorece os internos, já que revistas minuciosas ficam praticamente impossíveis. “É necessário o apoio de um número grande de policiais. Mesmo assim, é um risco, estando os internos soltos”, ponderou Almeida.

O túnel é o mais comprido já cavado pelos presos da unidade. Almeida explicou que a execução da obra foi rápida. Em tese, todos os 346 detentos poderiam ter ajudado a aumentar a extensão do buraco 24 horas por dia. “A terra estava na cela do início. Nunca escavaram como nesse túnel”, afirmou o diretor.

Além do tamanho, o túnel chamou a atenção dos policiais civis de Diadema pela direção tomada, a frente do 1º DP de Diadema. Normalmente, os presos tentam fuga, através de túneis, pelos lados e fundos da unidade, ou pela parte superior da cadeia. “A parte da frente é menos vigiada, porque é menos provável a fuga por lá. Silenciosamente poderiam fugir todos, caso a passagem fosse concluída”, explicou Almeida.

Na tarde desta quinta-feira, funcionários da Secretaria de Obras da Prefeitura de Diadema providenciavam a concretagem do túnel.




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