O mercado financeiro esperava um "resultado ruim para o terceiro trimestre, mas nem tanto", afirmou Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). O economista referia-se aos números do PIB (Produto Interno Bruto), divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostram uma queda de 1,2% na economia.

"Havia uma expectativa de que o PIB, até por conta dos juros bem acima do razoável, fosse apresentar resultado negativo comparado ao trimestre anterior, entre 0,3% e 0,5%", destacou. Mas, segundo ele, "quando o IBGE divulga um número negativo de 1,2%, naturalmente surpreende negativamente".

Para Miguel, isso demonstra que "a subida forte dos juros foi extremamente punitiva para o setor industrial". "Além disso, desnecessária e acima do que seria razoável por ter provocado desaceleração tão forte da economia".

Crédito- Para Oliveira, a queda do PIB só não foi maior por causa do aumento do crédito, o que permitiu o crescimento de 0,8% no consumo das famílias. "Se não fosse o consumo das famílias, a queda teria sido muito mais violenta. De um lado, não houve recomposição de renda, mas houve a facilidade do crédito, sobretudo do crédito consignado (financiamento com débito em folha de pagamento), que cresceu 80% neste ano. Além disso, os prazos de financiamento vêm se ampliando. Prazos mais longos e prestações menores permitem que as famílias gastem mais".

Segundo relatório do Banco Central, em outubro as operações de crédito aumentaram 2% e totalizaram R$ 575,620 bilhões, o que corresponde a 30% do PIB – a soma de todas as riquezas produzidas no país nos últimos 12 meses.