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Irmã de jogador é libertada de rapto
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
14/09/2006 | 22:45
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Sem comer a quatro dias, a ajudante Sheila Pereira da Silva, 21 anos, irmã do lateral esquerdo do Palmeiras, Michael Ânderson Pereira da Silva, 23, foi libertada na madrugada de quinta-feira no Centro de Rio Grande da Serra após pagamento de R$ 60 mil em resgate. Ela ficou no cativeiro durante nove dias, localizado em um sítio em condições desumanas situado em Ribeirão Pires.

Cinco seqüestradores foram presos e o mentor do crime, Marcelo Pereira, 26 anos, foi morto em confronto com a polícia. Todos os criminosos eram do mesmo bairro da família da vítima, o Jardim Itapeva, em Mauá. A maior parte do resgate foi recuperada.

Sheila foi seqüestrada às 5h30 do último dia 5 no terminal de ônibus do bairro, quando pretendia ir ao trabalho. Ela foi raptada por três pessoas que ocupavam um Escort: o planejador do crime, Marcelo Rafael Menezes de Couto, 19, o China, e um adolescente de 17 anos.

Com os olhos vendados por uma touca, a ajudante foi levava para um sítio desativado pertencente ao pai de China, localizado na altura do km 38 da rodovia SP-122, no Jardim Valentina, em Ribeirão Pires. O sítio não tinha eletricidade e nem água encanada. O banheiro se resumia a um buraco no chão.

Durante os nove dias, Sheila ficou amordaçada nas mãos e nos pés e não tomou banho. Nos cinco primeiros dias de cativeiro, foi alimentada apenas com água e bolacha. Nos outros quatro dias, os seqüestradores não lhe deram nada para comer.

Às 14h do dia do rapto, os criminosos fizeram o primeiro contato telefônica com a família. Exigiram um resgate bem maior do valor que foi pago. Essa quantia não foi revelada pela polícia. Até a liberação da vítima, foram feitos 25 contatos telefônicos, todos realizados em telefones públicos. Para despistar a polícia, Marcelo Pereira ligava de telefones situados em locais diferentes e saía rapidamente do local com uma moto.

O jogador Michael e familiares ouviram por duas vezes a voz de Sheila. Os criminosos obrigaram-na a gravar em fita cassete depoimentos afirmando que estava sendo maltratada e que iria morrer, para impressionar a família. As gravações eram repassadas pelo telefone.

Desde o início do rapto, o jogador Michael disse nas negociações que não tinha condições de pagar o resgate pretendido. Após os contatos, chegou-se ao valor de R$ 60 mil. Foi combinado que o próprio jogador seria incumbido de entregar o dinheiro às 19h de quarta-feira na rua Jutaí, no Jardim Lisboa, em Ribeirão Pires. No local, estariam Marcelo Pereira e o adolescente de 17 anos. Como acertado, Michael foi até a rua e jogou na calçada uma mochila com o dinheiro, indo embora em seguida. A dupla pegou o dinheiro e foi reparti-lo com os comparsas.

“Logo em seguida, os seis criminosos já passaram a gastar o dinheiro, chegando a ir em um shopping e comprar roupas e outros objetos. Tínhamos de esperar a liberação da vítima para prendê-los”, afirmou o delegado responsável pela Delegacia Anti-Seqüestro de Santo André, Alberto José Mesquita Alves.

Sheila foi libertada à 1h30 no Centro de Rio Grande. Telefonou de um orelhão e foi encontrada por familiares. A polícia, que monitorava toda a ação, foi à caça aos criminosos no Jardim Itapeva, onde todos moravam. Participaram da operação mais de 30 policiais. O primeiro procurado foi o mentor do crime. Ele estava na casa da namorada. Quando a polícia chegou, tentou fugir pelo telhado. Houve tiroteio e foi morto com dois tiros no peito. Ele já tinha passagem por roubo e tráfico.

China tentou fugir em um Escort vermelho. Houve perseguição e tiroteio pelas ruas do bairro, mas foi detido sem nenhum ferimento.

Além de China e do menor de 17 anos, também foram presos Jaílton Bento de Souza, 18 ano, o Tintim, Jeferson Fernandes de Oliveira, 19, o Zazá, e um adolescente de 16 anos. Com os detidos, foram recuperados R$ 44.450 do resgate, pago em notas de R$ 50.

Tanto a vítima quanto sua família não quiseram dar declarações sobre o caso. Vizinhos informaram que a família mudou da casa onde morava no Jardim Itapeva desde o início do seqüestro.




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