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Luis Álvaro, o `avô` dos novos meninos da Vila
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
07/02/2010 | 07:22
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Nem mesmo o mais otimista torcedor do Santos imaginaria início de temporada tão bom. O time na briga pela liderança do Campeonato Paulista; a dupla Neymar e Paulo Henrique Ganso oferecendo show de bola a cada partida e ainda o inesperado retorno de Robinho.

Não há como desassociar esses fatos com o início do mandato de Luis Álvaro Ribeiro, 62 anos, que assumiu o comando da equipe com a promessa de dar choque de modernidade na administração do Peixe.

DIÁRIO - O senhor esperava início de mandato tão produtivo como este?

LUIS ÁLVARO RIBEIRO - Realmente é bem mais do que a gente esperava. Mas o mérito é de todas as pessoas que estão comigo. São grandes profissionais, cada um na sua área. A fase é muito boa. Nós demos oportunidade para estes meninos (Neymar, Ganso e André) subirem. Temos um técnico vencedor. O Dorival a cada dia me surpreende mais positivamente. Ele está sabendo motivar essa garotada. O clima hoje na Vila é mais alegre, descontraído, e isso contagiou até os meninos da Copa São Paulo. Na minha opinião, não fosse por interferências externas, o Santos seria campeão. Agora no Campeonato Paulista, este time está fazendo com que as pessoas tenham vontade de ir ao estádio, de ver os jogos do Santos.

DIÁRIO - A dupla Neymar e Ganso fica até quando?

LUIS ÁLVARO - Até quando a gente conseguir mantê-los. Eles têm potencial muito grande. Sabemos que em um determinado momento a pressão por parte dos compradores será imensa. Mas nós vamos tentar segurá-los ao máximo. O Brasil deixou de ser mero vendedor de matéria-prima. A gente tem de imaginar o jogador com valor agregado atuando aqui e não mais apenas em clubes europeus.

DIÁRIO - O Robinho está de volta à Vila. Existe alguma chance de reeditar a dupla com Diego?

LUIS ÁLVARO - O problema é o custo. Mas, se 20 dias atrás me perguntassem sobre o Robinho, eu diria que era sonho impossível. Mas aí ocorreu uma série de coisas e ele acabou vindo. O problema é que o Diego está muito bem na Europa, ganhando bem. Ele tem carinho muito especial pelo clube. Na outra vez em que fui candidato (em 2003), conversei com o pai dele. Se tivéssemos ganho a eleição, o Diego ficaria mais tempo no Santos. Mas, infelizmente isso não ocorreu. Ele poderia ter ido mais amadurecido para a Europa, o Santos ganharia mais dinheiro e ele estaria mais preparado. Não perderia o tempo que perdeu em Portugal, antes de ir para a Alemanha e Itália. Mas é um sonho de consumo.

DIÁRIO - Por falar em Robinho, ele tem salários altíssimos. O Santos terá como bancar estes valores? Não será um custo muito alto?

LUIS ÁLVARO - Pelo contrário. O Santos pagará ao Robinho valor rigorosamente dentro do nosso teto salarial. Nem um centavo além. Aliás, até menos que isso. O restante do salário, que ele merece ganhar, será bancado por patrocinadores que irão usar a imagem dele. O Santos foi apenas intermediador das empresas que querem ver o Robinho na Copa do Mundo.

DIÁRIO - Essas empresas já estão definidas?

LUIS ÁLVARO - Nós já temos sim. Os nomes serão divulgados pelas partes envolvidas, o patrocinador e o Robinho.

DIÁRIO - Na campanha o senhor prometeu a criação de um fundo de investimento que iria capitalizar o Santos. Como está esta questão?

LUIS ÁLVARO - Está sendo desenhado. O fundo só será efetivamente concluído depois da reforma do estatuto. Não há investidor que coloque dinheiro em um clube que não tenha princípios de governança e normas muito claras, transparência, balanços auditados. Essa reforma do estatuto está em curso e deve ser concluída o mais rápido possível, provavelmente em mais dois ou três meses. Em seguida o projeto será enviado para a Comissão de Valores Imobiliários, porque é o governo federal quem aprova. A gente imagina, de forma realista, que a partir do meio do ano o fundo esteja implantado.

DIÁRIO - O Santos está sem patrocínio, e esta é uma importante fonte de receita. Como está esta questão?

LUIS ÁLVARO - Em pouco tempo isso deverá ser resolvido. Até por conta de termos mais de um interessado. E com valores dentro do que esperávamos, bem acima do que era antes (o time recebia R$ 4,5 milhões da Semp Toshiba).

DIÁRIO - Qual foi a pior coisa que o senhor herdou da gestão anterior?

LUIS ÁLVARO - Tem coisas que não são animadoras, mas a gente tem sempre o cuidado de não chegar a nenhuma conclusão antes que todos os dados sejam levantados. A auditoria já começou e a empresa externa contratada conclui a análise do balanço do ano passado agora em fevereiro. Aí vamos ter radiografia do que aconteceu no Santos. Por enquanto acho que é cedo para se afirmar qualquer coisa.

DIÁRIO - O Grande ABC é um tradicional reduto santista. O senhor tem algum plano específico para o torcedor que mora na região?

LUIS ÁLVARO - A gente imagina que o Santos tem de ir onde está o seu público, que não se limita à cidade de Santos. É fortemente concentrado na Grande São Paulo, em especial no Grande ABC. A gente quer criar todas as facilidades do mundo para estar mais próximo do nosso público. É isso que estimula, que mostra a marca do Santos com maior visibilidade e que atrai patrocínio. A gente sabe que o Grande ABC é alvinegro praiano.

DIÁRIO - Existiu projeto de um estádio em Diadema, mas que não deu certo.

LUIS ÁLVARO - Isso realmente acabou não vingando. Um novo estádio para o Santos é uma coisa que a gente vai ter de tratar. Não é a prioridade imediata. Temos primeiro de implantar o projeto de governança no Santos, que equilibre receita e despesa. Pensamos que a Vila Belmiro pode ser ampliada. Mesmo porque faz parte da história de Santos. Eu tenho carinho muito grande por ela porque foi o meu avô (Álvaro de Oliveira Ribeiro), em 1916, que comprou o terreno para a construção da Vila. Mas a gente sabe que tem limitações. Pensamos, sim, em um novo estádio, mas tem de ser uma arena multiuso para justificar o investimento. Agora, com a Copa do Mundo, Santos deverá ser uma subsede. Quem sabe nós não consigamos os recursos para um novo estádio. Mas o sócio santista quer que seja na Baixada. Mas isso não é definitivo e nem imperativo. Vamos estudar alternativas.

 




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