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Jovem confirma que ele e o pai foram vítimas de homofobia
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
23/07/2011 | 07:30
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O estudante Ramon Lohan Garrido, 18 anos, esteve na manhã de ontem no 2° Distrito Policial de São Bernardo, no Centro, para prestar depoimento sobre a agressão que sofreu semana passada, quando passeava em feira agropecuária em São João da Boa Vista, interior do Estado, com o pai. O estudante, que também trabalha como modelo, compareceu à delegacia acompanhado da mãe, do padrasto, do irmão mais novo e dois advogados.

Ramon e o pai foram agredidos por volta das 3h, dentro da Exposição Agropecuária Industrial e Comercial de São João da Boa Vista, porque um grupo de homens achou que os dois fossem homossexuais. "Eles caçoaram da gente e disseram que, como agora a lei liberava tudo, a gente podia dar beijinho", contou o menino. "Tentamos explicar que éramos pai e filho. Ele até disse que tem namorada, mas não adiantou."

O estudante sofreu escoriações leves na nuca, nos braços e rouxidão na área em torno dos olhos. O pai teve parte da orelha arrancada, mas, como desmaiou nos primeiros golpes, nem chegou a sentir a mutilação. O vendedor de uma barraca próxima foi quem recolheu o pedaço da orelha decepado, que estava no chão, o colocou dentro de um copo e o entregou a Ramon.

Segundo os relatos do estudante, havia policiais militares a poucos metros da confusão, que nada fizeram. Encaminhados ao ambulatório do evento, os médicos fizeram os primeiros atendimentos aos dois.

A primeira suspeita era de que os agressores haviam mordido a orelha da vítima, mas os médicos que fizeram o atendimento descartaram essa hipótese, pois o corte é preciso. "Eles disseram que o corte estava muito linear, por isso deveria ter sido feito com uma arma branca", contou. "Para mim, não interessa se foi com canivete ou com os dentes. O que interessa é que um pedaço da orelha do meu pai foi arrancado."

A mãe e o padrasto de Ramon, Joyce de Assis, 38, e Evandro Dias, 42, estavam inconformados. O irmão mais novo do rapaz, o pequeno Enzo, 11 anos, ficou emocionado ao ver os machucados do irmão. "Quer dizer que se eu der um beijo no meu filho agora, eu sou pedófilo?", questionou Dias.

Ramon saiu da delegacia pouco antes do meio-dia e se dirigiu ao Instituto Médico-Legal para realizar exame de corpo de delito, uma vez que o fez no dia das agressões, no Interior. Dois dos agressores foram identificados em São João da Boa Vista. Um deles afirmou ter arrancado o pedaço da orelha da vítima, mas disse ter sido em uma mordida. A polícia pediu a prisão temporária dos jovens, mas a 2ª Vara Criminal de São João da Boa Vista negou o pedido.




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