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Mulher virtual conquista homens no Japão
Das Agências
12/02/2001 | 15:04
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Para paquerar no Japão já não é necessário convidar alguém para sair ou tomar um drinque, basta ter um telefone celular conectado à Internet para seduzir, via e-mail, uma jovem virtual que existe apenas para isso.

"Mail de koi shite" (apaixone-se por e-mail) é um dos games que mais causam furor no arquipélago desde que a vendagem de celulares conectados à rede chegou ao auge.

"Este jogo mistura habilmente o real e o virtual, criando um personagem que vive, come, trabalha, toma banho e dorme em tempo real paralelo ao do jogador", explica Yukiko Takahashi, diretora da firma Bandai Networks.

Para isso, o candidato deve pagar uma taxa de US$ 2,5 por mês, para poder escolher uma das sete mulheres disponíveis, entre estudantes, enfermeiras, aeromoças etc.

Tem início então três meses de intercâmbio de e-mails. O objetivo é que o jogador acumule pontos descobrindo a maior quantidade possível de segredos sobre a vida de sua "namorada".

"No princípio, não sabia nada sobre ela. Tive de perguntar para descobrir seu nome, sua cidade, como são seus pais, o tipo de homem de que ela gosta, onde passou suas últimas férias etc", conta um jovem jogador.

Os e-mails podem ser enviados a qualquer hora. No geral, a resposta demora, mas a mensagem chega com um pedido de desculpas da "amada virtual", que não pôde responder rapidamente porque "estava tomando banho".

Se um pretendente não dá sinais de vida durante um dia, ela fica nervosa e envia uma mensagem perguntando a causa desse silêncio.

Depois de 90 mensagens trocadas, com um máximo de três por dia, o veredicto é dado: o verdadeiro Don Juan recebe um "te amo profundamente", enquanto que o pretendente rejeitado é considerado "somente um bom amigo".

E alguns jogadores chegam a confundir o jogo com a realidade: o fabricante recebeu várias mensagens de homens que desejam prolongar a relação com "a mulher escolhida".

"Alguns jogadores nos disseram que, para ter êxito, é preciso mostrar-se mais atento do que na vida real", declara Yukiko Takahashi, precisando que, no geral, os jogadores são homens de 20 a 30 anos.

Outros jogos similares destinados às telas dos celulares competem com este.

Por exemplo, a firma Sting Game tem cerca de 20 mil assinantes para o "First love game" (Jogo do primeiro amor). "Recebemos mensagens de homens que choram porque o jogo terminou", conta um de seus criadores, Kazunari Yonemitsu.

O sucesso deste tipo de jogo não causou maiores polêmicas no arquipélago, apesar de preocupar muitos especialistas, como o psicólogo Hayao Kawai. "Estas pequenas máquinas são, ao mesmo tempo, úteis e perigosas. Com elas, se pode descobrir tudo sobre personagens virtuais e, ao mesmo tempo, não saber o que pensa a mulher real", adverte Kawai.




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