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Ex-servente, Marcelo Costa quer ser construtor

Meia do Azulão sonha em ter empresa na área ao se aposentar, mas não quer abandonar o futebol

Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
05/03/2012 | 07:19
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Servente de pedreiro do próprio pai entre os 12 e 15 anos, Marcelo Costa, 31, planeja o futuro e quer usar a experiência adquirida no canteiro de obras para abrir uma construtora assim que se aposentar da bola. O meia-atacante ainda não pensa em parar e acredita que ainda tem mais pelo menos cinco anos de rodagem.

No entanto, o artilheiro do São Caetano no Campeonato Paulista (cinco gols) não pensa em ficar atrás de uma mesa administrando os negócios. Isso deixará para um profissional da área. Quer mesmo é voltar a estudar, formar-se em Educação Física e tornar-se treinador ou preparador físico.

"O estudo é importante. Concluí o primeiro grau (antigo ginasial), mas sempre leio, procuro me informar. Não quero largar o futebol", disse o atleta, que procura passar aos dois filhos - Miguel, 8 e Michel, 11 - a importância dos estudos. "O Michel diz que quer ser jogador, mas não dou moleza. Digo que nos dias de hoje é cada vez mais importante estudar e que ele pode fazer as duas coisas."

Casado, revela que o mais difícil na vida nômade é justamente a adaptação. "Para quem é casado é complicado, porque você põe o filho na escola e no semestre seguinte às vezes tem de mudar de clube e cidade."

Na avaliação do atleta, a estrutura familiar pode ficar comprometida se o casal não tiver bom entrosamento. "Graças a Deus encontrei uma esposa (Michele) maravilhosa, que compreende a vida que levamos e sempre esteve ao meu lado, mesmo em alguns momentos difíceis", afirma.

Apesar da aparência tímida, o meia demonstra habilidade com as palavras - talvez pela prática da leitura, como ele próprio disse - e revela não ter se sentido feliz em sua curta jornada no exterior. Na temporada 2004/2005, defendeu o Nacional da Ilha da Madeira, de Portugal. Fez apenas 24 jogos. Na ocasião, disputou o Campeonato Português e a Copa da Uefa.

"Não foi uma boa experiência, porque o clube não estava bem estruturado. Saí com expectativa e vi que não era o que imaginava. Lá, jogavam muito na correria, não tinham muita técnica, era muito chutão o tempo todo. Tive dificuldades para me adaptar."

Apesar da experiência frustrada, o jogador quer voltar ao Exterior para fazer o pé-de-meia antes de se aposentar. O alvo são os mercados do Oriente e Oriente Médio. "Pela minha idade, não dá mais a Europa. Não valorizam a experiência. Os japoneses e árabes montam equipes com caras mais rodados, porque porque miram a conquista de títulos."

Vida difícil fez meia desistir da bola duas vezes

Natural de Campinas do Sul (RS) e filho de família de baixa renda, Marcelo Costa lembra que a infância pobre o fez abandonar o sonho de ser jogador em duas ocasiões, para ajudar o pai no canteiro de obras.

"Ainda hoje meu pai é pedreiro. Parei duas vezes porque não tinha vale-transporte para ir treinar. Não achava justo meu pai ter de cuidar da família e ainda pagar minha passagem", comentou o meia, com certo constrangimento.

Naquela ocasião, já com 15 anos, o atleta dava os primeiros passos na carreira no Juventude e revela que só não desistiu graças a Luiz Paim, então preparador físico das categorias de base do clube gaúcho e que hoje trabalha na Seleção do Irã. "Ele que me indicou para fazer teste no Juventude após me ver jogando com amigos uma partida de futsal. Fiz o teste e fui aprovado. Quando deixei de ir, ele foi à minha casa falar com meus pais e conseguiu um contrato, aí voltei para o clube."

Além do Juventude e do Nacional da Ilha da Madeira, Marcelo Costa atuou no Grêmio - conquistou o acesso com Mano Menezes na Série B do Brasileiro e o Gauchão (2005) - Palmeiras, Ipatinga e Goiás. Ele se profissionalizou com 18 anos, no Juventude.




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