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Bispo comenta morte trágica de sacerdote
Daniel Fernandes
Da Redaçao
11/12/1999 | 17:28
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O suicídio do padre Marival Domingos Pansarello, 48 anos, no banheiro da casa paroquial da igreja Santa Rita de Cássia, em Santo André, chocou a comunidade, mas também trouxe à tona uma face da igreja Católica sintonizada com um dos males do homem de fim de século: a depressao. Apesar de ter tirado a própria vida na última segunda-feira, Padre Marival foi enterrado em ritual católico, após missa de corpo presente. Em nota oficial, a Cúria esclareceu que Marival sofria da doença e estava em tratamento.

Para o bispo diocesano de Santo André, dom Décio Pereira, padre Marival nao cometeu um pecado diante de Deus quando resolveu tirar a própria vida. "A pessoa com depressao nao tem liberdade. Na depressao é o instinto que comanda", disse dom Décio, ao explicar que padre Marival nao teria plena consciência do ato que cometia. O padre Marival vinha se submetendo a tratamento psicológico, por indicaçao da própria Diocese, para tentar vencer a doença.

Dom Décio conta que, nos últimos quatro meses, a depressao do sacerdote se intensificou. Marival se afastou dos colegas de clero da regiao. Amigos disseram que ele reclamava de cansaço e estaria sofrendo de diabetes. Por volta das 23h da última segunda-feira, o padre foi encontrado pendurado pelo pescoço em um lençol. Foi socorrido, mas nao resistiu.

De acordo com o bispo, o fato do padre Marival ter cometido o suicídio nao foi um empecilho à realizaçao da missa de corpo presente - realizada na própria Paróquia de Santa Rita - ou ao sepultamento. "Antigamente havia a proibiçao. Hoje, depois do novo Código de Leis Canônicas da Igreja Católica, nao se proíbe mais", afirmou. Bispo há 20 anos, dom Décio avaliou que a parcela de padres com problemas de depressao é semelhante à da populaçao que desenvolve o problema.

A paróquia de Santa Rita de Cássia está sendo administrada provisoriamente pelo padre Rubens Emilio Chasseraux, da paróquia Nossa Senhora das Dores, na Vila Palmares. O novo padre, que assumirá definitivamente a paróquia, deverá ser escolhido por afinidade com a comunidade.




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