O turismo sexual feito por mulheres, abordado pelo diretor francês Laurent Cantet em Vers le Sud intrigou quarta-feira o público na 62ª edição do Festival de Veneza, na Itália. Mas a acolhida calorosa da platéia ficou para o novo filme de animação de Tim Burton, Noiva Cadáver, apresentado hors concours.

Vers le Sud leva o espectador aos anos 70 no Haiti, onde um grupo de estrangeiros se hospeda num pequeno hotel paradisíaco à beira da praia.

As norte-americanas Brenda (Karen Young) e Ellen (Charlotte Rampling) disputam a afeição de Legba (Ménothy Cesar), um Adonis local de apenas 18 anos.

O oásis representado pelo hotel é isolado da ilha miserável e aterrorizada pelos tontons macoutes da ditatura Duvalier.

“Mais que sexo, essas mulheres procuram uma ternura que o mundo exterior lhes recusa”, disse o diretor Cantet durante uma entrevista sobre o filme, recusando-se a limitar o tema de seu filme ao turismo sexual.

Vers le Sud é adaptado de três romances de Dany Laferrière, um autor haitiano no exílio sob a ditadura Duvalier e conta histórias íntimas, mas pode ter um aspecto mais geral.

O longa, bem recebido pela imprensa, é o segundo filme francês em disputa pelo Leão de Ouro. Também foi apresentado O Fatalista do português João Bothelo, adaptação contemporânea da obra de Diderot Jacques le Fataliste.

Mas quarta-feira no Lido a unanimidade da crítica foi para A Noiva Cadáver (The Corpse Bride), de Tim Burton, muito bem recebido pelo público, que reservou ao trabalho uma longa ovação.

O filme de animação fantástico e poético conta o destino estranho de Victor que, na véspera de suas núpcias entra num bosque, onde repete seus votos. Enfia por acaso a aliança em um galho que, na realidade, é a mão do esqueleto de Victoria, morta no dia do casamento.

Victoria leva, então, Victor, ao mundo dos mortos, que se mostra bem mais alegre que o dos vivos, mas o jovem se mantém fiel à lembrança de sua prometida Emily, a quem procura juntar-se por todos os meios.