“A Prefeitura de Santo André vai ajudar a reformar o IML (Instituto Médico-Legal) da cidade.” A afirmação é da secretária de Serviços Municipais, Miriam Mos Blois. Ela disse que o município tem interesse que a unidade funcione da melhor forma possível. Uma reunião realizada na semana passada entre o médico legista da diretoria do IML da capital e Grande São Paulo Hideaki Kawata e o superintendente do Serviço Funerário de Santo André, Manoel Cunha Castro, selou o compromisso entre o governo do Estado e o município.

Nesta sexta haverá um novo encontro entre as duas partes para avançar o processo de negociação. “Em princípio, há interesse da Prefeitura em colaborar com as obras. No entanto, não temos condições financeiras de fazer isso imediatamente. Estamos no fechamento das contas do ano e ainda não fizemos a previsão orçamentária para 2005”, disse Miriam, sem dizer como exatamente o município poderá colaborar com o governo do Estado.

As obras para a melhoria no IML de Santo André já começaram. O alojamento para os médicos descansarem enquanto fazem o plantão da madrugada está pronto. A construção que começou no início do mês foi concluída na última terça-feira. Desde então, os legistas contam com um quarto com duas camas, chuveiro quente e televisão. Essa reforma só aconteceu após uma determinação do governador Geraldo Alckmin de que, entre os quatro postos da região, a unidade de Santo André ficaria aberta 24 horas ininterruptas. Após uma semana, a nova determinação do governo do Estado era que os outros postos – São Bernardo, São Caetano e Diadema – também abrissem 24 horas.

Para o diretor do IML de Santo André, Vladimir Alves dos Reis, esse é só o primeiro passo de uma série de reformas que estão previstas. “Na próxima semana, provavelmente, começaremos a construir um alojamento para os funcionários administrativos que fazem o plantão noturno. Dependemos só de uma autorização da Prefeitura (proprietária do imóvel).”

A intenção de Reis é fazer uma reforma geral na unidade. Em princípio, as prioridades são na recepção e na sala de exames. “O que mais me preocupa é atender bem a população”, disse o diretor. De acordo com Reis, não há mais reclamações com relação ao atendimento. Há cerca de 15 dias, o posto funcionava com horários predeterminados. “Atendemos o público das 7h às 19h, como determinou o superintendente (Celso Perioli, da Polícia Técnico-Científica). Agora, só falta resolver o problema de infra-estrutura.”

A reforma na sala de necropsias seria, segundo Reis, a última parte das obras. “Aquilo está terrível. É bem mais complicado do que se possa imaginar. Por enquanto, continuaremos a usar o que temos. Não possuímos recursos nem condições de fechar a unidade para uma reforma geral. Faremos tudo por partes.”

O interesse em firmar uma parceria com a Prefeitura de Santo André não é só para as reformas. “Ao longo dos anos, o prédio se deteriorou demais. Nunca tivemos apoio do Estado ou da Prefeitura. Precisamos manter uma manutenção constante”, disse Reis.

Como começou – Uma série de denúncias sobre o atendimento irregular dos quatro IMLs da região vem sendo feitas pelo Diário desde o último dia 25. Até então, os legistas só atendiam casos de exame de corpo de delito e cautelares algumas horas por dia e não havia médico de plantão à noite. Na sexta-feira passada, o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Celso Perioli, determinou que as quatro unidades permanecessem abertas 24 horas ininterruptas.

O IML de Santo André e São Caetano, por exemplo, tinham acordos informais com as Prefeituras da cidade. Na ausência de legistas nas unidades, os médicos municipais que faziam exames cautelares de corpo de delito. Esses acordos estão proibidos há 15 dias e o trabalho agora deve ser feito, obrigatoriamente, pelos médicos dos institutos.

Desde o último dia 5 o atendimento nos quatro postos da região passou a ser feito das 7h às 19h para todos os tipos de perícia (exames de corpo de delito, cautelares e necropsias). Das 19h às 7h, as unidades só realizam exames emergenciais (verificação de embriaguez, estupro etc.), com solicitação de qualquer autoridade policial.